A busca por uma forma de vida em maior harmonia com a natureza, mais favorável para a saúde, para a economia doméstica, e que, principalmente, possibilitasse o aprofundamento e a prática do Darma, fez surgir há 20 anos a primeira Aldeia CEBB (Centro de Estudos Budistas Bodisatva) Caminho do Meio, em Viamão, no Rio Grande do Sul. Atualmente, lá residem várias famílias e é onde está instalada, desde 2010, a Escola do Caminho do Meio, que atende crianças de dentro e de fora da comunidade a partir de um ano de idade.
“Estamos dentro de um mundo que se organiza de um jeito, mas, de repente, inventamos outra forma de nos movimentarmos. Nós sonhamos, desenvolvemos essa coragem e nos colocamos em marcha”, contou o Lama Padma Samten ao relembrar o início deste movimento das Aldeias, durante o Retiro de Verão deste ano, que teve como um dos temas abordados o Projeto Terras Puras.
De 1997 para cá, as Aldeias foram se expandindo e amadurecendo, gerando benefícios e oportunidades para quem ali vive ou busca um local mais apropriado para a realização de retiros curtos ou longos.
Hoje, contando com a Aldeia CEBB Caminho do Meio, são oito Aldeias espalhadas pelo Brasil: Alto Paraíso, em Goiás, que comporta a Escola Vila Verde; a CEBB Mendjila, que fica na região de Canelinha, em Santa Catarina; CEBB Recôncavo, em Santo Amaro, na Bahia; CEBB Sukhavati, na região metropolitana de Curitiba; CEBB Darmata, em Timbaúba, Pernambuco; CEBB Bacopari, que fica em Palmares, e CEBB Jetavana, ambas no Rio Grande do Sul.
“Nós pegamos essa substância que é a energia que constrói as coisas, esse fio dourado, e tecemos uma teia na direção que achamos mais favorável. É isso que estamos fazendo. Cada uma dessas iniciativas tem suas dificuldades, mas seguimos com paciência, mantendo os propósitos, e as coisas vão se resolvendo”, explica o Lama.
Na opinião dele, uma das questões cruciais deste movimento é a constatação e que é possível ir na contramão do processo econômico operando através dos méritos.
“Não temos nenhuma fonte de recursos a não ser a própria Sanga, utilizamos o mesmo método do Buda: o da tigela. A prática no mundo é gerar méritos, trazer benefícios. O mérito é o engajamento verdadeiramente positivo que permite que as pessoas sejam beneficiadas e, à medida que elas são beneficiadas, surge essa energia e tudo anda”, acrescenta.
Na visão do Lama, o desenvolvimento de uma interface com a comunidade ao redor das Aldeias tem sido um aprendizado importante nesta caminhada e a ideia é ampliar e fortalecer ainda mais essa conexão. “Nós temos com a comunidade do Castelinho, próxima ao CEBB de Viamão, por exemplo, uma relação de amizade de mais de 15 anos. Ali vivem cerca de 500 famílias, aproximadamente 1.500 pessoas, e estabelecemos com eles uma relação de troca. Espero que a gente consiga ampliar ainda mais esse trabalho”, vislumbra.
“O movimento geral das Aldeias trabalha com o conceito de Terras Puras, onde as melhores qualidades das pessoas de todas as idades podem se desenvolver em harmonia com visões orgânicas de educação, arquitetura, geração e uso de energia, sustentabilidade, e presença equilibrada no ambiente natural, tratamento biológico dos efluentes, saúde e alimentação equilibradas, bons relacionamentos e convívio. Gerando tais méritos, teremos a base adequada para aprofundar nossa ação na forma dos estudos do Darma do Buda, buscando a superação das nossas limitações e o pleno desenvolvimento do nosso potencial búdico”, descreve o Lama. Ele explica:
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1 Comentário
Porque não tem uma aldeia dessa aqui em São Paulo . Acho uma terrá muito fértil pra plantar uma semente tão linda como essa.