Os 14 preceitos do Budismo Engajado

O monge vietnamita Thich Nhat Hanh, conhecido por criar um método de vincular a atenção plena à ação social, nos ensina 14 preceitos básicos para observarmos e praticarmos.


Por
Edição: Janaína Araújo

Preces de estudantes e não estudantes, budistas e de pessoas de outras religiões são evocadas ao redor do mundo pelo mestre zen, vietnamita,  Thich Nhat Hanh.  

Com 92 anos, Thay retornou ao Vietnã para passar seus últimos dias de vida, após quatro décadas no exílio por defender o fim da guerra.

O momento simbólico de sua chegada, registrado pelas agências internacionais de notícias, foi um passeio de cadeiras de rodas pela floresta seguido de uma multidão de devotos e policiais.

A cena nos conecta diretamente ao coração do monge que se transformou em ativista da paz com mais de 100 livros publicados.

Considerado um dos principais professores espirituais do mundo, conhecido por criar a ideia do Budismo Engajado, um método de vincular a atenção plena à ação social, Thay nos deixou 14 preceitos básicos para observarmos e praticarmos.

A Bodisatva republica, neste momento, a relação feita pelo mestre zen de uma ética para o ativismo e a ação social. Seu olhar sereno, o sorriso no rosto e sua mensagem de amor nos faz descansar e agir com compaixão.

Mãos em prece!


  1. Não seja idólatra por causa de nenhuma doutrina, teoria ou ideologia, mesmo as budistas. Os sistemas budistas de pensamento são meios de orientação; eles não são a verdade absoluta.
  2. Não pense que o conhecimento que você possui no presente é imutável, ou que ele é a verdade absoluta. Evite ser fechado e estar preso a opiniões presentes. Aprenda a praticar o desligamento de pontos de vista a fim de estar aberto a receber os pontos de vista de outros. A verdade é encontrada na vida e não simplesmente no conhecimento de conceitos.
  3. Não force os outros, incluindo crianças, por nenhum meio, a adotar seus pontos de vista, seja por meio de autoridade, ameaça, dinheiro, propaganda, ou mesmo educação. Entretanto, através do diálogo compassivo, ajude os outros a renunciarem o fanatismo e a estreiteza de idéias.
  4. Não evite o sofrimento, não feche seus olhos ao sofrimento. Não perca a consciência da existência do sofrimento na vida do mundo. Encontre maneiras de estar com aqueles que estão sofrendo, incluindo contacto pessoal, visitas, imagens e sons. Por tais meios, lembre a si mesmo e aos outros à realidade do sofrimento no mundo.
  5. Não acumule riqueza enquanto milhões passam fome. Não faça o objetivo da sua vida adquirir fama, lucro, riqueza, ou prazer sensual. Viva simplesmente e compartilhe seu tempo, energia e recursos materiais com aqueles que estão passando necessidades.
  6. Não mantenha a raiva ou o ódio. Aprenda a penetrá-los e transformá-los enquanto eles ainda só existem como sementes na sua consciência.
  7. Não se perca nas distrações à sua volta, mas continue sempre em contacto com tudo que é maravilhoso, refrescante e curativo dentro de você e ao seu redor. Plante sementes de alegria, paz e entendimento em si mesmo, a fim de facilitar o trabalho de transformação nas profundezas da sua consciência.
  8. Não pronuncie palavras que podem criar discórdia e causar a quebra da comunidade. Faça todos os esforços para reconciliar as pessoas e resolver todos os conflitos, nem que sejam pequenos.
  9. Não diga coisas falsas nem por interesse pessoal, nem para impressionar as pessoas. Não diga palavras que causam divisão e ódio. Não espalhe notícias que você não sabe se são verdadeiras. Não critique ou condene coisas das quais você não tem certeza. Sempre fale a verdade, de maneira construtiva. Tenha a coragem de levantar sua voz quando vir uma situação injusta, mesmo quando ao fazer isto você coloca sua segurança em perigo.
  10. Não use a comunidade budista para ganho ou lucro pessoal, e não transforme sua comunidade em um partido político. Uma comunidade religiosa, no entanto, deve tomar uma atitude clara contra a opressão e injustiça, e deve tentar mudar a situação sem se envolver em política partidária.
  11. Não viva com uma vocação que é nociva aos seres humanos e à natureza. Não invista em companhias que privam outras pessoas da sua chance de viver. Selecione uma vocação que o ajude a realizar seu ideal de compaixão.
  12. Não mate. Não deixe que outras pessoas matem. Encontre todos os meios possíveis de proteger a vida e impedir a guerra.
  13. Não possua nada que deveria pertencer a outras pessoas. Respeite a propriedade dos outros, mas impeça os outros de lucrarem do sofrimento humano ou do sofrimento de outras espécies na Terra.
  14. Não maltrate seu corpo. Aprenda a cuidar dele com respeito. Para preservar a felicidade dos outros, respeite os direitos e os compromissos dos outros. Preserve suas energias vitais (sexual, espiritual, respiração) para a realização de seu Caminho.

Para irmãos e irmãs que não são monges ou freiras: suas expressões sexuais não devem ser sem amor e comprometimento. Em uma relação sexual tenha consciência do sofrimento que pode ser causado no futuro. Para preservar a felicidade de outros, respeite seus direitos e compromissos. Esteja plenamente consciente da responsabilidade de trazer novas vidas a este mundo. Medite sobre o mundo para o qual você está trazendo novos seres.


Conheça mais ensinamentos:

Narrado por Benedict Cumberbatch, trata-se de um filme meditativo sobre uma comunidade budista zen dedicada a dominar a arte de mindfulness com o internacionalmente reconhecido líder espiritual, poeta e ativista da paz, Thich Nhat Hanh.

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2 Comentários

  1. Olívia Miranda Camargo disse:

    Maravilhoso,nunca vou esquecer o primeiro livro dele que li e amei,Caminhos para a paz interior.

  2. josé maxsuel de moura disse:

    O único livro que tenho dele – “Sem lama, não há lótus” -, contém práticas que faço até hoje e que gerou minha conexão com este mestre. É um pouco triste que fico sabendo da sua morte, ao mesmo tempo, sinto uma paz que não consigo descrever.

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