Arte de Higor Soffe que ilustra o Especial da Revista Bodisatva 33

A nova edição da Bodisatva descortina outras economias possíveis

Conheça a Bodisatva 33, que será lançada nos próximos dias e nos convida a um mergulho nas riquezas não monetárias da vida



“A riqueza não monetária é muito interessante, porque ela pode quantificar o que perdemos na nossa vida quando nos ligamos à economia monetária, quando trocamos os parâmetros de qualidade de vida, sustentabilidade e sanidade do ambiente. Trocamos isso por uma aparente vantagem da riqueza monetária, mas na verdade estamos empobrecendo, ficando mais vulneráveis e mais infelizes.

Se olharmos, por exemplo, o que acontece quando ficamos presos a esse percurso da sociedade ligado à economia monetária, vamos entender que há um sofrimento muito amplo, que surge de algum modo ligado a coisas econômicas, mas que vai impactando também outras formas de funcionamento da própria sociedade. Quando a pessoa mergulha na visão do paradigma econômico monetário, é quase impossível entender a visão ecológica. Surge também uma sensação de que não há limites para esse crescimento econômico.

Quando começamos a estabelecer um tipo de sociedade, não conseguimos incorporar a visão de equilíbrio entre as múltiplas espécies e de limitação da atividade humana. Não perseguimos riqueza, nós passamos a perseguir números, como se fosse um jogo, e então a visão ecológica perde o sentido. Eu preciso atravessar a vida dos outros seres, preciso avançar sobre a liberdade dos outros seres para ampliar esses números.”

Lama Padma Samten apresentando uma economia desde a visão budista na seção Palavras do Lama, na Revista Bodisatva 33.


Nesta semana, chegam à nossa sede, no CEBB Caminho do Meio, os exemplares da nova edição da Revista Bodisatva, a número 33. O tema veio por inspiração do Lama Samten: a abundância da vida como base para o desenvolvimento de economias não monetárias. Ao longo de mais de cem páginas, mergulhamos em questões como: será que é possível conceber novas formas de relações, mais conectadas ao movimento profundo da vida e que não estejam pautadas pelo paradigma econômico atual? E como colocar isso em prática?

Descobrimos que não apenas é possível, como já está acontecendo em diversos lugares ao redor do mundo. Na verdade, a visão de economia financeira que embasa nossos atuais modos de vida é muito recente, em termos históricos. E diz respeito a uma parcela minoritária da humanidade.

Nessa nova edição da Revista Bodisatva, somos conduzidos(as) por Vandana Shiva, Lama Padma Samten, Ernst Schumacher, Charles Eisenstein, David Loy, além de outras e outros pensadores, a um passeio por olhares mais lúcidos sobre o aspecto econômico da vida. Sua reflexão é acompanhada por relatos de experiências que já estão dando frutos e mostrando que, por meio da cooperação e do foco nas redes locais, podemos acessar essa dimensão natural de abundância e nos movimentar de um modo mais integrado à biosfera e a todos os seres.

A edição também apresenta uma entrevista exclusiva com um dos mais renomados escritores indianos da atualidade, Amitav Ghosh, autor de diversos romances e de obras de não ficção, como The great derangement: Climate change and the unthinkableGhosh é uma importante referência no âmbito das mudanças climáticas, colocando-nos frente a frente com um dos maiores obstáculos impostos pelo capitalismo e pelo imperialismo: nossa visão extrativista do mundo e a objetificação da vida.

“Por meio da cooperação e do foco nas redes locais, podemos acessar essa dimensão natural de abundância e nos movimentar de um modo mais integrado à biosfera e a todos os seres.”

Como sempre, a revista foi tecida por uma mandala composta por muitos colaboradores de diferentes lugares do Brasil. E ela é carinhosamente ornamentada pelas ilustrações de talentosas(os) artistas, como Higor Soffe, Luda Aquareluda, Jozz, Bárbara Carrizo e Renata Lopes.

Arte de Luda Aquareluda no ensaio “Entre a terra suave e o céu ilimitado”, na Bodisatva 33

Além disso, a seção Mahasanga nos oferece um encontro com a sanga da Casa de Dharma, um centro budista da tradição Theravada que pulsa no coração de São Paulo. As páginas nos convidam a viajar pela história deste centro que vem tecendo uma rede de potentes conexões com diferentes mestres e tradições, e se abrem como um carinhoso álbum de fotografias e memórias.

Aspiramos que essa edição seja como as abelhas e as folhas flutuantes que carregam seres despertos, criados gentilmente pelo nosso diagramador, Higor Soffe. Que elas possam nos conduzir a um novo sistema de vida, sonhado desde uma base de alegria e equanimidade.


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