A história do nascimento de nosso professor, Lama Padma Samten, contada por sua mãe, Talitha
Hoje, 24 de janeiro, é aniversário de Alfredo Aveline, que completa 74 anos. Em sua homenagem, a Revista Bodisatva traz um trecho do livro Retalhos D´Alma, escrito por sua mãe, Thalita Salies, que conta como foi o nascimento desse querido professor do Darma.
Alfredo, meu filho muito querido, é dia do teu aniversário. Aqui estou bem pertinho de ti, para abraçar-te, com todo o meu carinho e com toda a minha admiração.
Que bom! Que felicidade a minha.
Só posso desejar-te que sejas sempre feliz assim, como foste até hoje.
Não importam as derrotas, elas fazem parte da nossa vida.
Nunca fracassaste! Isto é o que vale.
Nunca desanimaste, perante ou diante das dificuldades.
És espiritualizado, isso é tudo para um ser humano, especialmente para ti, que és cientista.
Encontrarás em tudo a explicação, o porquê do sim, do não, da negação e da desrealização que encontramos em nossos caminhos.
O principal, o mais importante, é seguirmos em frente, com as forças da luz, da paz, do amor, da compreensão, do perdão, da harmonia das forças do Além, que nunca nos abandonam.
Desejo-te ainda que “enriqueças” cada vez mais, que os teus tesouros sejam espelhos e que possam refletir a tua imagem, para que todos sigam o teu exemplo, que é o dos BUDAS AMADOS.
Querido!
Agora, vou contar-te a história do teu nascimento!
Certo?
Em 1948, ainda estávamos residindo em Rosário do Sul.
Era uma época difícil da minha vida, estava ainda me recuperando da cirurgia que sofri na mastóide (na cabeça). Teu pai resolveu retornar para Porto Alegre, de muda, seria então um funcionário do Partido.
Em novembro, talvez, houve a mudança. Eu já estava grávida, esperando-te.
A mudança realizou-se. De volta a Porto Alegre, fomos residir provisoriamente na casa da tua avó: o casal e as duas meninas. Os móveis, na maioria, foram doados pelas pessoas do Partido. Trouxemos apenas o quarto do casal e as camas das meninas, também objetos pessoais, é claro.
O “aperto” na casa era tanto que pedi ao meu pai para fazer uma casa de madeira com paredes duplas, nos fundos da casa das tuas tias.
Iniciou-se a construção quando as tuas tias foram para a “serra”. Foi toda cortada e montada em Sapucaia, depois, então, é que veio para Porto Alegre, para a montagem final.
Dia 24 de janeiro de 1949, os homens estavam trabalhando. Fiz o almoço e, além dos 5 homens, o João Aveline almoçou conosco. Sentia-me bastante amolada, mas não havia o que fazer.
Teu pai saiu e eu não fiquei sabendo para onde. Já estava perdendo a água do parto. Não lhe disse nada. Falei com duas vizinhas, gente muito pobre. Então elas foram telefonar para a “Guita”, que ficaria com as meninas quando eu fosse para o hospital.
Ela veio logo e insistiu em ficar comigo. Não aceitei. Foi embora e levou as meninas. Eu ainda torci os lençóis, estendi-os, depois de lavar um montão de louça e deixar tudo limpo.
Desci e subi muitas vezes aquela escada dos fundos, já segurando a barriga. E, a cada compressão do ventre, eu me obrigava a parar.
Depois, tomei banho, vi a mala, que já estava arrumadinha. Chamei a vizinha, pedi-lhe que chamasse um táxi. Estava na hora e não podia mais esperar.
Quando o táxi ia sair, o teu pai chegou. Ficou todo atarantado, querendo explicar o problema para a vizinha. Eram mais ou menos 6 horas da tarde (18 horas). E, quando cheguei ao hospital, fui direto para a sala de partos.
Havia perdido toda a água devido ao esforço que fizera. O parto seria “seco”, perigosíssimo e difícil.
Felizmente, às 23:40 horas, tu nasceste. Grande, pesando 3,7 quilos, mas engasgado e sem chorar. Apanhaste bastante da parteira. Ela te colocou de cabeça para baixo e batia na sola dos teus pezinhos. Quando iniciavas a respiração, já te engasgavas novamente.
Foi uma aflição!
Mas tudo passou. Teu pai não deixou te levar para o berçário. E eu fiquei a te cuidar toda a noite, contigo nos meus braços.
Cabecinha redondinha, cabelinhos pretos, olhinhos negros, calmo, bonitinho, nunca me incomodaste. Dormias a noite toda.
Depois de dois dias, tive alta, a fim de vir para casa.
Dinheiro para o hospital não existia. Meu pai pagou o hospital.
E, durante o período mais difícil, minha mãe vinha a Porto Alegre todas as semanas, com sua empregada, e trazia um rancho.
As vizinhas pobres, a quem eu auxiliava aplicando injeções nos familiares quando doentes, agora cuidavam da roupa, lavando-as e passando, até que eu ficasse mais forte. Mas me obrigava a cozinhar para os homens, que estavam montando nossa casa.
Pronta a casa, fizemos a mudança. Eu fiz a planta e planejei os armários nas paredes dos quartos. Na cozinha, um armário com tela, um balcão de pia e uma mesa de levantar quando não era usada.
Não havia água encanada, embora já tivesse com banheira, patente, etc. Nós nos obrigávamos a usar o box dos fundos da casa da tua avó. E eu era obrigada a carregar água do tanque, subindo e descendo escadas. Não me foi permitido lavar a roupa no tanque deles, para não sujar nada.
Teu pai veio para Rio Grande, a fim de trabalhar para o Partido.
Reivindiquei também para me mudar. O ambiente era simplesmente insuportável. E, quando tinhas um ano e dois meses, no dia do aniversário da Marcula (06/04/1950), vim com os filhos para Rio Grande.
A mudança já viera e eu fiquei uns dias com os meus pais, que me auxiliaram financeiramente, para que pudesse me mudar.
Pedi demissão de um emprego que eu havia conseguido, quando tinhas apenas dois meses de idade. Na viagem, no ônibus, conheci a Tatita. A viagem foi dura: baldeou-se três vezes. Descia-se do ônibus e tomava-se uma balsa. Tatita auxiliou-me cuidando das meninas. Levamos 14 horas até chegarmos a Rio Grande.
A mudança já chegara, a casa era alugada, mas provisoriamente. Chovia na varanda como se fosse na rua. Organizei tudo e comecei uma vida nova.
Alguns meses depois, a Tatita conseguiu uma casa melhor, a da Rua Barão de Cotegipe, nº 712, onde ficamos até nos mudarmos para esta da Rua Vitorino. Esta mudança ocorreu em 1955, dia 23 de julho (dia do aniversário do teu avô Alfredo), e o número da casa era como ele sempre achava que deveria ser: a soma dos algarismos é 13 e a frente da casa dá para o Norte.
Obrigada por tudo isto!
Que Deus te abençoe, hoje, aqui, agora e sempre.
Que Deus te recompense tudo o que tens me proporcionado.
Sê feliz, continua sempre amando a DEUS e aos amigos do ALÉM, servindo-os na PAZ, no AMOR, na ALEGRIA, na SOLIDARIEDADE, na CARIDADE, na COMPREENSÃO.
Obrigada, porque és um irmão tão solícito para os teus irmãos.
Beijo-te o lindo rosto, com todo o meu carinho e com toda a minha vontade imensa de te ver feliz, sempre feliz e muito feliz.
Tua mãe, que te abençoa, em nome do COSMOS e do PAI.
TITA
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22 Comentários
Simplesmente mágico, ler a descrição dela se referindo ao filho como se estivesse falando do Lama que conhecemos hoje, ele é o mesmo 🙏🎈🎂💖
Que emocionante e linda a sua história de nascimento contada por uma mãe inteligente e amorosa.
Que carta linda, uma mulher muito sabia. Um filho maravilhoso, que hoje é nosso mestre. Obrigada mamãe do Lama, por trazer ao mundo esse ser tão especial. É emocionante quando uma mãe fala do filho.
Acho que uns ciscos caíram aqui nos meus olhos que não param de pingar!!! heheh… Gracias por essa preciosidade!! Parabéns Lama!!! Que sigamos juntos!
Que doçura da alma que nao deixou as dificuldades da vida lhe inundar de amargor
Feliz de Lama Padma Samten em receber essa linda e emocionante carta
A grande compaixão de todas as mães.
Querido Lama, mas muito querido mesmo.
Desejo um longa vida! Alegria!
Gratidão
🙏🏻
Fiquei emocionada, quanta garra desta mãe, desta família 😍❤️
A descrição do Lama é perfeita, dá pra ver na pessoa dele, tudo que ela trouxe.
Maravilhoso ❤️
Parabéns querido Lama Santem, muita gratidão e desejos de saúde e longa vida.
Abraços
Penha Bhte.
Linda carta! Gratidão a grande mulher e mãe,dona Tita, por ter compartilhado o nascimento do Lama conosco.
Belíssima história e homenagem; comoventes.
Parabéns, Lama Samten, por essa sua Mãe Amorosa e forte, e também pelo seu aniversário. Que as bençãos de Buda estejam sempre a lhe guiar os passos e o viver. FELIZ ANIVERSÁRIO!
Olá, boa tarde! Mito lindo essas lembranças, amei… E voltando no tempo… a mha querida e saudosa mãe a visitava aqui em Rio Grande, spre achava q a casa era n Duque de Caxias, mas eu era pequena, isso acho q nos anos de 60 e poucos! E eu a acompanhava spre, e sua mãe, mto educada e mto querida… meus pais gostavam mto do casal! Felicidades Lhama, mta saúde e mto amor em sua caminhada!
Longa vida e abundância para o Lama!!! Depoimento lindo o de sua mãe!!
Que linda carta! Adorei conhecer um pouco da história do lama, de sua família, de sua chegada a este mundo! Isto me mostra que as dificuldades existem para todos; assim é o samsara, mas que as flores de lótus brotam dos lugares lamacentos. Que o lama, flor de lótus, tenha longa vida!
O afeto lúcido e tranquilo. Parabéns Lama Santen, o Alfredo da Tita mãe afável
Que emocionante! Chorei! 🥺❤️
Lama de grande bondade, que essa doçura e sabedoria que você tem por herança continue beneficiando a muitos seres!
Muito emocionante, que lindo!♥️
Que coisa mais linda……emocionante relato de uma mãe
Emocionante. Que este relacionamento tão profundo e lindo seja abençoado e perdure por muitos anos. Que sirva de inspiração para muitos.
Lindo relato dessa história! Que mãe especial e que Lama inspirador!
Linda homenagem !!! Que alegria saber um pouquinho da história sobre a existência de pessoas tão queridas e promovem amor! Vida longa e saúde a todos!!!
História de vida; história de superação. Parabéns dona Tita! Parabéns Lama!
Gratidão por compartilhar a força do amor ofertando a todos nós a história e origens do amado Lama Padma Samten!!!!
Emocionante
Chorei
Parabéns Lama hoje e sempre.
Saúde e vida eterna.
És muitooooo importante para todos.