Consciência política

“CONSCIÊNCIA POLÍTICA” tem um sentido profundo e firme. Além disso, é errado pensar que “política” significa se inspirar em uma atitude de autoengano e achar que as nossas falhas não estão sendo vistas pelos outros.

Não apenas isso, também é errado considerar que a política se reduz à mente engenhosa que é capaz de proteger, habilidosamente, os nossos próprios interesses e derrotar os interesses dos outros.

Entretanto, se nos perguntarmos o que é a política, seria correto dizer que se trata da capacidade de todos os reflexos de situações políticas surgirem, de uma só vez, no espelho da consciência discriminativa.

Poderia ser descrita como a habilidade de observar alegremente o espelho da mente com uma mente relaxada, livre de projeções temerosas e de dúvida.

Inga Gezalian (Unsplash)

Portanto, consciência política é a grande confiança que não tem medo de ser inspirada por visões sem preconceito, e é a habilidade de não ser influenciado por doenças do corpo ou pelas tristezas e alegrias da mente. Além disso, ela não é como a equanimidade que resulta do poder do samadhi e da meditação.

Em relação à atitude política, esta é a consciência não corrompida que se orgulha da dignidade dos seres humanos. Essa consciência não corrompida não necessita do apoio de símbolos ou convenções. Visto que ela existe relaxadamente nos seres humanos, uma confiança pura, estável e imutável pode surgir.

Ademais, não se trata de uma mente de arrogância ou orgulho. A visão pressionada pela ambição resulta de sermos atormentados por pobreza, fome e sede. As ações da mente competitiva, que faz elogios tendo em vista o ganho pessoal e sente inveja dos outros, estão muito distantes da dignidade dos seres humanos. Esta é a abordagem de lobos e de corvos.

Trecho de ensinamento de Chögyam Trungpa Rinpoche extraído de The Collected Works of Chögyam Trungpa (vol. 8, p. 419).