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Brasil na rota de preservação das palavras do Buda

Centro Nyingma Rio está em campanha para impressão de textos sagrados em tibetano


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Revisão: Claudia D'Almeida

O Brasil está diretamente envolvido no Yeshe De, o audacioso projeto para a preservação de textos sagrados tibetanos idealizado pelo grande mestre Venerável Tarthang Tulku Rinpoche. Desde 1983, os mais importantes textos budistas em língua tibetana são compilados, impressos e distribuídos gratuitamente em Bodh Gaya, na Ìndia, com o intuito de manter os ensinamentos do Buda vivos e enraizados na cultura dos povos dos Himalayas. E este ano, a Gráfica Dharma, localizada em São Paulo, irá colaborar diretamente com o projeto.

A gráfica brasileira será responsável pela impressão de uma das versões do Kangyur, as palavras faladas do Buddha, que trazem textos cruciais do cânone budista tibetano. A versão que será impressa, chamada Yidzhing Norbu Kangyur, foi organizada diretamente por Tarthang Tulku Rinpoche e é composta por 108 volumes. O Brasil será responsável pela impressão de mil conjuntos, totalizando o envio de 108 mil livros, a serem distribuídos gratuitamente em janeiro de 2024 em Bodh Gaya. O Centro Nyingma do Rio de Janeiro, juntamente com os centros de São Paulo e Porto Alegre,  já estão em campanha de arrecadação de fundos – a maior que já fizeram até o presente momento. Outras formas de apoiar o projeto também são possíveis e você pode ver aqui

Todos os textos em língua tibetana: por quê?

Desde o começo de seu trabalho de preservação, nos anos de 1970, o projeto de Tarthang Tulku já distribuiu cerca de 7 milhões de livros gratuitamente. Todos esses livros estão impressos em língua tibetana. A visão por trás desta escolha é que desde a diáspora tibetana, em 1959, muitos esforços foram feitos para preservar e traduzir textos do cânone budista tibetano para línguas ocidentais. No entanto, para Tarthang Tulku e muitos outros mestres, é imperativo que os textos tibetanos originais permaneçam amplamente disponíveis para lamas, monges, monjas e praticantes leigos em sua própria língua e sua compreensão possa estar firmemente enraizada e praticada.

A apresentação do projeto (que você pode ler aqui) menciona que “nas décadas caóticas que se seguiram à invasão e ocupação [do TIbete pela China], a maioria de seus mosteiros e bibliotecas foi destruída – uma perda de conhecimento quase inimaginável em uma escala que supera a destruição da Biblioteca de Alexandria. Desesperados para salvar sua cultura, os refugiados tibetanos fugiram para a Índia, muitas vezes trazendo seus livros em vez de comida para sobreviver à sua jornada de fuga. Na Índia, os refugiados lutaram para manter suas antigas tradições diante da doença, pobreza e desespero.”

Apesar de todos esses esforços, até hoje, muitos mosteiros não apenas no Tibete mas em toda a região dos Himalaias e na Ásia ficaram com suas bibliotecas defasadas, carentes dos principais textos do cânone budista e também de sua linhagem específica. O Projeto Yeshe De tem como meta preencher esta lacuna e garantir que cada mosteiro tenha acesso aos principais textos do cânone budista tibetano. 

O cânone budista tibetano

O cânone budista tibetano consiste no Kangyur, ou palavras do Buddha, e no Tengyur, os tratados dos mestres indianos iluminados. Os milhares de textos que compõem esta coleção formam a espinha dorsal do estudo do Dharma em todas as escolas da tradição tibetana.

No final da década de 1970, Tarthang Tulku Rinpoche e seus alunos prepararam uma nova impressão da Edição Derge do Cânone Budista Tibetano, em 120 volumes encadernados à mão. Lançada em 1981, a Edição Nyingma desse Cânone atualmente se encontra em bibliotecas acadêmicas e monásticas em todo o mundo.

Nas décadas seguintes, o projeto Yeshe De continuou a pesquisar e preparar várias edições históricas diferentes do cânone tibetano. Ao todo, o projeto Yeshe De ofereceu cinco edições completas diferentes do Kangyur e três edições diferentes do Tengyur, bem como uma ampla coleção de textos Tengyur selecionados especialmente para estudantes em mosteiros, conventos e centros de Dharma. Desde 1981, 10.000 conjuntos completos de Kangyur e Tengyur foram oferecidos à sangha tibetana.

Gráfica do Dharma

A responsável pela impressão dos 7 milhões de livros que foram publicados e distribuídos ao longo de 35 nos é a Dharma Publishing, o braço comercial da Dharma Press, fundada por Tarthang Tulku em 1970 com o intuito de publicar as obras da tradição do Budismo Tibetano, logo após a chegada do Rinpoche aos EUA, após passar 10 anos como refugiado na Índia.   

No Brasil, a Gráfica Dharma foi fundada pelo Centro Nyingma do Brasil há 25 anos e em 2011 também colaborou, juntamente com os Centros Nyingma de São Paulo e Rio de Janeiro, com a impressão do Kangyur sTog Palace

Como colaborar 

O custo do projeto está estimado em 400 mil reais e há muitas formas de colaborar: trabalhando como voluntário, vendendo algo pessoal e destinando o valor da venda para o projeto, sendo um/a patrocinador/a, desenvolvendo sua própria iniciativa de arrecadação de fundos ou simplesmente fazendo uma doação – não importando o valor. Os nomes de todas as pessoas que trabalharam e doaram para o projeto serão lidos durante a Cerimônia Pela Paz Mundial em Bodh Gaya, Índia, em Janeiro de 2024, quando os livros serão distribuídos. 

Para doações:

Transferência ou Pix

CENTRO NYINGMA DE BUDISMO TIBETANO

BANCO CORA

Agência.0001 

Conta corrente: 3969985-8

PIX: cnbt.tesouraria@gmail.com

Pagbank

Faça sua doação

Mais informações:

  • Página no projeto em português – aqui
  • Página do projeto em inglês – aqui
  • Documentário “The great transmission”, produzido por alunos do Tarthang Tulku – aqui
Apoiadores

1 Comentário

  1. Virgínia b c dantas disse:

    Que projeto maravilhoso , poder colaborar para a cura do sofrimento é realmente comovente . Que esse projeto possa ser cada vez mais uma porta por onde muitos poderão entrar !!🙏

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