Ven. Robina Courtin oferecendo ensinamentos no Institut Vajra Yogini

Sobre budismo, trabalho e dinheiro

Entrevista com a Ven. Robina Courtin


Por
Revisão: Alessandra Granato e Lucas Ghisleni
Edição: Lia Beltrão
Tradução: Arildo Dias e Juliana Araújo
Entrevista por: Kate Mcdonald

A entrevista a seguir foi realizada entre 2011 e 2013 por Kate Mcdonald, que naquele momento trabalhava para a Ven. Robina Courtin e a entrevistou nos intervalos entre um ensinamento e outro. Publicada originalmente sob o título “35 anos servindo meus Lamas”, esta é uma entrevista longa. Mas decidimos traduzi-la e publicá-la na íntegra porque nela conseguimos entender com certo nível de detalhe a trajetória única dessa professora do Darma. Robina ensina não apenas quando fala o Darma, mas através de suas ações: editando livros e revistas, realizando festas e leilões, comprando terras como investimento para o Darma, fundando organizações para trabalhar com presidiários, arrecadando milhões de dólares para projetos que qualquer um, no começo, diria ser impossíveis.


Desde que descobriu o caminho budista e foi ordenada como monja em 1978 (ela celebrou 35 anos como monja no dia 09 de Fevereiro de 2013), a Ven. Robina tem trabalhado em tempo integral para os seus lamas do coração, Lama Thubten Yeshe e Lama Zopa Rinpoche, e sua Fundação para Preservação da Tradição Mahayana (FPMT). 

Entre 1978 e 1987, ela trabalhou na Wisdom Publications e supervisionou, em diferentes períodos, as atividades de planejamento, produção e editoração da organização. Também na Wisdom, ela co-editou duas edições da Wisdom Magazine – a antecessora da Mandala Magazine da FPMT, onde atuou como editora de 1994 até 2000. Ela foi diretora executiva do Liberation Prison Project de 1996 a 2009, estabelecendo-o como uma organização sem fins lucrativos, tanto nos Estados Unidos quanto na Austrália. Ela editou inúmeros livros de seus lamas, incluindo Becoming the Compassion Buddha (Tornando-se o Buda da Compaixão), Bliss of Inner Fire (O êxtase do fogo interno) e Dear Lama Zopa (Querido Lama Zopa); ela tem atuado como coordenadora de programas espirituais em vários centros; e desde 1987, ela tem ensinado em centros da FPMT ao redor do mundo, servindo inclusive como professora residente em 2010 no Tushita Meditation Centre em Dharamsala. Atualmente, Robina viaja durante todo o ano, ensinando em diferentes centros e edita publicações com ensinamentos de seus lamas. 

Conhecida pela sua extraordinária energia e compaixão ardente, a vida e o trabalho da Ven. Robina foram assuntos dos documentários Chasing Buddha e Key to Freedom.

Tendo trabalhado para a Ven. Robina em diferentes funções desde 2006, eu tive o grande privilégio de ver esta energia e compaixão extraordinárias em primeira pessoa. Mas talvez seja a sua forma destemida de oferecer o Darma e o seu espírito generoso e empreendedor que achei mais inspiradores.   

Por exemplo, ao invés de adotar a abordagem tradicional sem fins lucrativos para arrecadar fundos para o Liberation Prison Project – que, em seu auge, tinha uma equipe de nove pessoas contratadas em tempo integral em dois diferentes países e um orçamento mensal de 40 mil dólares – a Ven. Robina decidiu usar uma estratégia comercial: investimentos em startups, compra e venda de propriedades, produção de calendários, organização de peregrinações, realização de festas com leilões, e organização de conferências. Ela e a sua organização Bodhichitta Trust ofereceram cerca de 1.86 milhões de dólares para o projeto Liberation Prison durante os 14 anos nos quais esteve à frente de suas atividades.  

Durantes os intervalos da sua agenda de ensinamentos, eu tive a oportunidade de conversar com a Ven. Robina sobre os últimos 35 anos de serviço ao Lama e ao Rinpoche; e como ela desenvolveu esse espírito empreendedor e a atitude de pensar sempre em oferecer e oferecer sempre o melhor; e sobre o Sherab Plaza: sua visão para uma área de seis acres em São Francisco e outras cidades cujas atividades comerciais irão oferecer apoio para várias atividades do Darma, incluindo uma universidade budista, uma escola, um monastério para monges e monjas, além de um abrigo para pessoas em situação de rua. 

Lama Zopa Rinpoche (esq.) e Lama Thubten Yeshe (dir.) na Nova Zelândia, em 1975. Foto: Lama Yeshe Wisdom Archive


Ven. Robina, quando você começou a trabalhar para o Lama e o Rinpoche?

Eu tenho trabalhado com o Lama Yeshe e o Lama Zopa Rinpoche praticamente desde que eu os conheci. Eu os conheci em 1976 no Instituto Chenrezig em Queensland. Eu fiz o curso lam-rim de um mês com o Rinpoche, seguido por um mês de retiro que começou com uma iniciação do Lama a Chenrezig, e depois duas semanas de comentários sobre um texto de Sua Santidade o Dalai Lama. Eu gosto de fazer coisas, então, enquanto eu estava lá por aqueles dois meses – a meditação não tinha muito apelo para mim – eu me voluntariei para transcrever os seus ensinamentos. Eu não estava tecnicamente empregada, mas eu senti como se fosse o meu trabalho, algo ao qual eu pertencia.

Quando eu voltei a Melbourne depois do curso, eu trabalhei para a Ven. Bonnie no Instituto Tara, digitando e produzindo na editora da minha família uma edição de The Wish-fulfilling Sun, uma compilação de conselhos de lam-rim por Rinpoche, a qual eu apresentei ao Lama no ano seguinte em Chenrezig mais uma vez, e foi quando eu pedi ao Lama que se tornasse o meu guru. (Bem, eu não pedi de fato; eu não sabia que a gente deveria fazer isso. Eu informei ao Lama que ele era meu guru! “Sim, eu sei querida”, o Lama disse.)

Em 1977, eu fui ao Monastério Kopan em Kathmandu para o curso de Novembro [o curso anual de duração de um mês oferecido pelo Lama Zopa Rinpoche desde 1972] e, imediatamente, fui de novo direto para as atividades editoriais. É o que eu tenho feito por boa parte da minha vida: eu sempre estive do lado da divulgação. E quando eu fui ordenada, em Fevereiro de 1978, Nick Ribush, que estava conduzindo as atividades de publicação no Kopan, já tinha me chamado para trabalhar para ele.

Em 9 de março de 1978, no Tushita Meditation Centre, em Dharamsala, Índia, a Ven. Robina recebeu os 36 votos de ordenação noviça de Tarab Tulku. Ela tinha recentemente chegado do monastério Kopan, em Kathmandu, onde tinha tomado os votos rabjung com o Lama Zopa Rinpoche em 9 de fevereiro. Foto: Sylvia Wetzel

 

E por que você escolheu trabalhar, em vez  de fazer retiro ou estudar?

No começo, a ideia de “estudar” não fazia sentido para mim. Estudar o quê? Eu não tinha nenhuma ideia. A ideia de meditar, que para mim ainda parecia como apenas sentar quieta: eu não conseguia ver o benefício daquilo. Mas trabalhar na minha mente, tentando aplicar as leis do carma à minha vida, eu não tinha nenhum problema com isso: aquilo fazia sentido para mim. Mas sempre no contexto da ação, de fazer coisas. Eu gostava da ideia de fazer coisas. 

Eu me lembro de quando eu me tornei uma monja, eu tinha um desejo muito forte, incrivelmente forte, poderoso, como uma bomba atômica em mim, um desejo de fazer alguma coisa. E claro, naquele momento, o trabalho que se mostrou na minha frente foi publicar. Eu me lembro quando Nick me chamou, durante os meus primeiros meses no Kopan, para trabalhar para a Wisdom Publications “por um ano”. Eu me lembro de pensar, “Por que ele está me perguntando? Esse é o meu trabalho!” 

Depois que eu aceitei o convite do Nick, logo após eu ser ordenada, eu me mudei com ele para Déli, onde o Lama tinha o indicado como o novo diretor do centro Tushita. Lá, nós trabalhamos desenvolvendo uma lista de títulos a serem publicados e eu buscava por editoras. Mas, então, o Lama mudou todas as suas atividades principais para o seu centro no norte da Inglaterra, o Instituto Manjushri. E eu fui para lá trabalhar com o novo diretor da Wisdom, Ngawang Chotak.

 

Você poderia nos contar sobre como as suas ideias evoluíram ao trabalhar na Wisdom?

Eu sempre lembro do que o Lama Yeshe diria “Pense grande!” e “Seja profissional!”. Isso realmente ressoa para mim. Eu queria muito ser dessa forma.

Nos anos 70, quando os ocidentais começaram a encontrar o Budismo, eles foram a Índia e ao Nepal, e viram todas aquelas tibetanas usando vestidos longos com cores brilhantes e os homens com seus cabelos longos e de brincos – para nós, eles pareciam hippies. Houve exatamente esse equívoco realmente ridículo na mente dos ocidentais de que “hippie” e Budismo eram semelhantes. Na verdade, os tibetanos são pessoas realmente conservadoras.

E porque tínhamos ouvido falar sobre “renúncia”, nós achamos que isso significava sair andando por aí com uma aparência feia e sem dinheiro. Ou não se importando com como as coisas são feitas.

O que o termo “profissional” significa é você fazer as coisas do modo apropriado, você faz as coisas de acordo com a cultura. Eu me lembro de observar a Jacie Keeley, que era secretária do Lama nos anos 1980. Jacie levava o Lama a sério. Ela vestia roupas legais. Lá estava ela no Kopan, onde todos estavam vestindo as suas roupas hippies e ela colocava as suas meias-calças elegantes, um sapato de salto alto, batom, brincos, perfume, um aparência profissional. Eu admirava a abordagem dela.

 

Mas por que era tão importante parecer elegante? Em última instância, não é o que está dentro que conta?

Eu me lembro da Grace Kelly dizendo, “Claro que eu preciso parecer bonita, as pessoas precisam olhar para mim.” É ofensivo para os outros parecer feio. É ofensivo oferecer um livro que é feio, que não foi bem projetado. Uma das formas de fazer os seres humanos felizes é apresentar coisas belas. Um bela refeição, um livro belamente projetado, um edifício bonito. Nós somos seres humanos, nós temos uma mente, nós queremos ser agradados. A maneira com a qual você agrada as pessoas é sendo gentil e oferecendo coisas bonitas para elas. Para mim, isso é o que o eu aprendi do Lama, de um modo bem claro. Essa é a atitude de um Bodisatva. Eu não conseguia articular isso naquele momento – eu não conhecia os ensinamentos tão bem – mas aquilo fez sentido para mim.

Quando eu comecei a trabalhar na Wisdom, eu tentei fazer o meu melhor. Eu sempre ouvia o Lama e estes mantras na minha mente: “Pense grande e seja profissional”. Para fazer as coisas da melhor maneira possível. Eu assumi o design e a produção dos livros, e, ao fazer os livros, torná-los o mais elegantes possíveis. E, claro, isso faz sentido do ponto de vista dos negócios. Se você está tentando vender alguma coisa – e nós estávamos nos juntando ao mundo da produção e distribuição de livros – é preciso se distinguir para atrair as pessoas.

Eu estive imprimindo e publicando a vida toda, mas eu precisava me familiarizar com a indústria de livros, aprender a fazer as coisas apropriadamente. Então, eu ia às livrarias e olhava os livros, observava o design; observava a encadernação, o papel, os tamanhos. Eu pesquisava sobre a distribuição, sobre como as coisas eram feitas. Minha percepção era de que uma vez que você aprendesse aquilo, você, então, poderia ser criativo, poderia improvisar. Então, você pode realmente ver – tudo bem, o que eu quero fazer com isto? De que forma eu posso realmente ser criativo? De que forma você pode fazer isso da melhor maneira? Não pegar atalhos – querer realmente fazê-lo da melhor maneira possível. Eu queria fazer os livros parecerem os melhores. A escrita ser a melhor, o design ser o melhor, a papel ser o melhor. Ser profissional. Fazer isso bem, fazer realmente bem. 

Eu acho que, desde o início, o que eu comecei a aprender sobre a mente foi a necessidade de não ter medo. Por um lado, aprender como as coisas são convencionalmente feitas, e por outro lado, não ter medo de ser criativo, não ter medo de ir além da maneira usual com a qual as pessoas fazem as coisas. Sempre saber de fato na sua mente o que você realmente gostaria. Então, para ter essas duas coisas:  aprenda a conhecer como as coisas são feitas, e ao mesmo tempo realmente saiba por você mesmo para onde você quer ir com aquilo. E tenha a confiança para fazer isso. Isso é o que eu aprendi do Lama.

Desde o início, o Lama raramente me dizia o que fazer. Dessa maneira, ele me forçou a olhar para dentro de mim e aprender a descobrir por mim mesma o que fazer – Ser corajosa. 

Eu tinha tanto entusiasmo para aprender todos os diferentes aspectos de publicar. Eu amava fazer a contabilidade, amava fazer a parte do design, apreciava completamente fazer a edição; aprendendo como editar propriamente. Observar a maneira como os livros são feitos e, então, aprender a fazer aquilo. 

Eu me lembro de ser verdadeiramente inspirada pela Penguin. Desde 1930, a Penguin revolucionou as publicações ao trazer pequenas brochuras simples e elegantes. Nos anos de 1940, eles começaram a uniformizar o design das suas capas usando cores para distinguir as séries. Instantaneamente reconhecíveis. Laranja para livros gerais, azul para livros artísticos, verde era usado para – acho que – estórias de crimes. Aquilo funcionou. Então, baseado naquilo nós trouxemos um conceito para a Wisdom de Livros Básicos, Livros Intermediários e Livros Avançados. Parecia muito claro para mim que já que o Budismo era algo que você está tentando aprender, os livros tinham de ser estruturados, como um curso, e imediatamente reconhecíveis. Tínhamos laranja para básico, branco para intermediário e azul escuro para o avançado.

Eu também aprendi sobre a distribuição. O primeiro livro que nós vendemos em livrarias foi Mente Silenciosa, Mente Sagrada, um pequeno livro de capa dura com os ensinamentos do Lama Yeshe sobre o Natal que ele costumava dar todos os anos no Kopan. Nós imprimimos 5,000 cópias e eu ia a todas as lojas em Londres vender ele; nós ainda não tínhamos uma companhia de distribuição. Eu realmente gostei de fazer todos os aspectos de publicar, querendo fazer cada parte, coisas que eu nunca tinha feito antes. 

Então, havia este componente do pensar grande. Naquele tempo, eu me envolvi e a FPMT era internacional, mas relativamente pequena. Existiam em torno de 13 centros. Eu gosto da visão ampla, então na Wisdom eu tentei expressar isso. Pensar grande significa pensar de um modo universal. Eu vinha da Austrália e, aqui estava eu, morando em Londres. Eu estive no Nepal, tinha já viajado um pouco antes de me tornar uma monja. Eu sabia que o mundo é na verdade um lugar pequeno. Assim, eu pensava: “Onde é o melhor lugar para imprimir no mundo? Onde é o lugar mais barato?”. Não somente para a produção mas também para enviar e distribuir. E onde é o lugar mais central; no final das contas, nós distribuímos para a Europa, o Pacífico, a Ásia e as Américas. A Ásia era o lugar mais barato e central. Então, eu ia a Hong Kong para achar as gráficas e me hospedava com o Peter Kedge, o primeiro atendente do Lama, que tinha começado a fazer negócios lá.

Nós não produzimos somente os livros mas também milhares de cartazes de deidades – por exemplo, a arte de Andy Weber e Peter Iseli – você ainda vê, 30 anos depois, aqueles cartazes nas paredes das pessoas. Por dois anos seguidos, nós produzimos calendários exibindo a arte dos monges do Kopan e nós os fizemos em quatro línguas e distribuímos-os ao redor do mundo todo. Nós produzimos milhares de cartões postais de deidades e cartões comemorativos. 

O Lama tinha estudantes em vários países – Alemanha, Itália, França, Espanha – que também queriam traduzir e publicar os ensinamentos. Então, nós trabalhamos juntos. Quando eu cheguei na Wisdom, eu comissionei Peter Iseli para criar um logotipo para a Wisdom – o mesmo que ainda é usado até hoje. Nós todos concordamos que deveríamos usar o mesmo logo: afinal, nós todos estávamos publicando pela FPMT. A Chiara Luce na Itália, o Dharma Ediciones na Espanha, e a Diamant Verlag na Alemanha, assim como a Wisdom, ainda o fazem.

Sempre a visão ampla. Durante aquele tempo, nós produzimos um diretório de todas as atividades da FPMT: páginas brancas para os centros e, amarelas para as atividades de negócios – até então havia várias. Em 1982, como preparação para a visita de Sua Santidade o Dalai Lama à França, Itália e Espanha – na qual os anfitriões foram o Lama Yeshe e a FPMT – eu passei um tempo em Hong Kong escrevendo e traduzindo em quatro línguas o primeiro folheto sobre a FPMT e as atividades dela no mundo todo. Nós produzimos 10,000 cópias deste folheto e distribuímos a todos os participantes dos eventos de Sua Santidade.

Eu podia ver do Lama e das suas atividades incríveis que você precisa ser destemido e corajoso. Você tem primeiro a visão, o pensamento e, depois, então, você age. É tão fácil ficar emperrado em nossos próprios pequenos caminhos, nós temos tanto medo de fazer algo novo, temos medo de pensar diferente. Nós temos medo do que o mundo pensa. Isso é o que eu aprendi do Lama: Seja corajoso, faça as coisas bem e, pense diferente – fora da caixa.

Um dos quatro erros mais comuns que eu vejo nos centros ao redor do mundo é : “Ah, nós não podemos arcar com isso, nós não temos como conseguir dinheiro”, sempre subestimando a nós mesmos, sempre nos segurando. É tão importante ser otimista, saber que nós podemos fazer, nós podemos encontrar os meios para fazer – fazer bem, fazer da melhor maneira possível e, fazer de um jeito realmente criativo, de uma maneira não usual.

 

Suas ideias de atividade comercial para o suporte ao Darma também vêm do Lama?

Sim, com certeza, embora tenha demorado mais 15 anos para surgir a oportunidade de colocá-las em prática. Como eu mencionei, Peter Kedge deixou Hong Kong para começar um negócio – o que me inspirou também. Peter vinha servindo ao Lama desde 1972, ou algo assim. Em 1975, o Lama nomeou o seu trabalho de Fundação para a Preservação da Tradição Mahayana. E lá estava o Peter, ajudando o Lama a fazer esta organização crescer, e ele percebeu que não havia dinheiro. O que realmente me impressionou foi que ele não pensava apenas: “Bem, quem vai nos dar dinheiro? De onde virão as doações?”. Ele decidiu que ele faria algo ele mesmo. Então, em 1979, ele foi para Hong Kong e abriu um negócio. Eu admiro esse pensamento. Aquilo me inspirou. E não somente o Peter. Desde o início do trabalho do Lama no Kopan, outros estudantes do Lama, Marcel Bertels e Roger Kunsang, trabalhavam em Kathmandu nas atividades comerciais. O Lama compreendeu isso tão claramente.

A partir disso, a semente do pensamento comercial começou a florescer na minha mente, percebendo o benefício do comércio. Em 1987, após 10 anos na Wisdom, Rinpoche me disse para ir e ensinar – o que nunca tinha passado pela minha cabeça antes. Eu não conhecia tanto o Darma. Eu tinha editado livros, eu tinha feito por alguns anos o Programa Geshe no Instituto Manjushri – tinha apenas 12 anos desde que eu tinha me tornado Budista. 

 

Você, então, estudou quando estava no Instituto Manjushri, fazendo o Programa Geshe. Por que você decidiu, então, estudar? Por que você mudou de ideia?

Em 1979, o Lama convidou Geshe Jampa Tegchog, um dos seus amigos da Universidade Sera Je Monastic, para vir ao Manjushri e começar um programa adaptado para educar a nós, ocidentais, nos estudos que eles haviam realizado no Tibete.

Naquele primeiro ano, 1979, eu notei que os estudantes – cerca de 20 deles – iam a essas aulas todos os dias, mas eu não tinha nenhum interesse. Eu estava completamente envolvida com o desenvolvimento da Wisdom Publications. Mais tarde naquele ano, antes do novo período começar, eu ouvi alguém mencionar um dos textos que eles estavam estudando: Tópicos Coletados, ou Dura em tibetano; Eu descobri que aquele era o primeiro texto que os monges estudam quando ainda são garotos pequenos. Algo me tocou. Eu fui ver Geshe Tegchog e perguntei a ele se eu poderia frequentar algumas das aulas – elas aconteciam cinco dias por semana na sala  do Geshe-la. Eu disse a ele que eu provavelmente não poderia ir a todas as aulas, já que eu estava ocupada com a Wisdom.

Ex-abade da Sera Jey, Khensur Geshe Jampa Tegchog, principal professor de filosofia budista da Ven. Robina no Manjushri Institute, na Inglaterra, de 1979 a 1982. Foto: Land of Medicine Buddha

Bem, tudo o que eu sei é que a partir do primeiro dia, eu entrei em êxtase! Eu estava tão feliz ouvindo aqueles ensinamentos. Era como se eu tivesse descoberto pela primeira vez na minha vida o que a minha mente realmente queria. De fato, por toda a minha vida, eu tinha procurado uma visão de mundo. Os ensinamentos lam-rim que eu tinha ouvido do Lama Zopa Rinpoche em Chenrezig não fizeram aquilo comigo – eu sabia intuitivamente que aquele era o meu caminho, eu sabia que eu tinha encontrado minha casa, eu sabia que eu queria ser uma monja, mas eu não compreendia uma palavra que o Rinpoche dizia! Eu podia ouvir as palavras, mas eu não conseguia processar essa apresentação arcana de ideias. “Onde está o Budismo?” – Eu continuava perguntando a mim mesma.

Mas Du-ra! Eu estava no paraíso. Eu fiz dois anos e estudei alguns textos básicos: Du-ra, Drub-ta (Princípios Budistas), Lo-rig (Psicologia Budista), e Ta-rig (Lógica Budista). Nós fazíamos exames a cada semestre; Eu memorizei; Eu estudei corretamente pela primeira vez na minha vida. Agora, eu não posso imaginar como compreender o Darma sem isso. Foi a base perfeita para todos os ensinamentos que eu ouvi mais tarde. 

O que eu aprendi é que a clareza, a lógica rigorosa, a precisão e a profundidade de análise que estes estudos demandam – e que são cruciais para fazer a prática do Darma bem-sucedida – é a mesma clareza, lógica, precisão e análise que você precisa para administrar uma organização ou construir uma casa ou produzir um livro. O Darma não está no céu! Ele está aqui na nossa frente.

 

Você poderia falar um pouco sobre quando Rinpoche pediu para você ensinar, sobre viajar para todos os centros ? De que forma suas ideias evoluíram neste momento?

Minhas ideias sobre pensar grande, ser profissional, fazer as coisas bem e fazer as coisas de uma maneira muito criativa começaram realmente a se cristalizar quando eu comecei a visitar os centros após eu sair da Wisdom. Em 1987, eu estava no Instituto Vajrayana em Sydney por mais ou menos um ano. Depois, um ano no Instituto Chenrezig, como coordenadora do programa espiritual. Em seguida, um ano na Alemanha, no Instituto Arya Tara; e em Déli, como coordenadora do programa espiritual. Eu comecei a ver a forma como todos nós trabalhamos. 

Primeiro de tudo, seja pequeno ou grande, os centros são surpreendentes; o que os centros conseguem realizar é incrível. Eu penso no Liberation Prison Project – nós começamos com uma carta de um prisioneiro e, ao longo dos 14 anos que eu estive lá, e isso continua até hoje, nós estávamos recebendo mil cartas por mês de prisioneiros. Nós tivemos em torno de 25,000 pessoas escrevendo para nós, e nós oferecemos incontáveis milhares de livros para elas. Cada uma daquelas pessoas, mesmo se elas apenas tiverem ouvido a palavra “Buda”, mesmo se elas tiverem apenas ouvido as palavras “Você pode mudar”, mesmo se elas apenas ouviram a ideia de que elas podem desenvolver algumas qualidades na mente delas – Como é maravilhoso, como é fantástico! Eu acho que todo centro é semelhante, não importa se é grande ou pequeno. O fato dele existir e de alguém estar lá esforçando-se para oferecer uma pequena aula sobre como meditar mesmo que uma vez por mês, eu acho isso espantoso. É fantástico. Tantos benefícios a longo prazo.

Percorrendo todos os diferentes centros, eu observei isso e também notei outras coisas: primeiro, foi a luta para conseguir dinheiro, sempre uma luta com o dinheiro; segundo, foi o desconhecimento de como ser um bom administrador. E, claro, essas duas coisas estão intimamente ligadas. E terceiro, a forma como as coisas são apresentadas: frequentemente mobílias velhas organizadas de uma forma que não é agradável e não muito receptiva. Como se, de algum modo, agora que somos budistas, uma mobília elegante ou uma administração profissional do dinheiro simplesmente não sejam importantes. 

O Lama zombaria de nós! Na primeira Experiência de Celebração Iluminada que o Lama organizou em 1982, ele estava tão bravo conosco, monges e monjas. Nós estávamos lá, vestindo batas feias e velhas, pensando que estávamos sendo renunciantes: “nossa aparência não importa”, nós pensávamos. Como o Lama disse, o Ocidente não é semelhante ao Tibete, onde se admira uma pessoa parecendo um mendigo. No Ocidente, nós não apreciamos isso. Olhe para um morador de rua, ele não é apreciado. Se nós queríamos que as pessoas respeitassem o Budismo – essa coisa nova no Ocidente – então, eles precisavam ver bons exemplos: que nós nos apresentássemos de forma respeitável. 

Eu me lembro também, mais tarde em 1982, em Londres, quando Harvey Horrocks – naquele tempo diretor do Instituto Manjushri – e eu fomos atendentes do Lama por mais ou menos 10 dias. Eu estava levando o Lama de volta para o seu quarto no hotel quando uma mulher saiu do elevador, e a fragrância do perfume dela foi passando por nós. O Lama me disse, “Humm, ela cheira bem. Não como você – você cheira como uma privada! Estou brincando…” Bem, o Lama estava certo. Eu não cuidava do meu corpo, não por ter renunciado, mas porque eu estava tão absorvida em mim mesma e não estava consciente do impacto que eu tinha sobre os outros. Eu realmente prestei atenção depois daquilo.  

Lama Yeshe (centro) com a Ven. Robina (esq.), Jacie Keeley (dir.) e Nicole Kedge (centro, de costas), em Hong Kong, 1982. O Lama está sem as vestimentas monásticas porque estava prestes a viajar para o Tibete e não pôde colocá-las. Foto: site oficial da Robina Courtinsite oficial da Robina Courtin

A gestão é um componente de grande importância, ao meu ver. O sucesso ou o fracasso do centro, assim como de qualquer organização, depende em grande parte de uma administração habilidosa. O que eu vi repetidas vezes foi que só porque podemos ter o carma para administrar um centro não significa que nós temos a habilidade de fazê-lo. Eu ouvi uma vez o Rinpoche dizendo para um diretor: “Você acha que conseguiu este emprego porque você é bom nisso? Não, você conseguiu esse emprego porque você criou o carma para isso.” Aquilo ressoou alto! Nós tendemos a ver o “diretor” como algo auto-existente, “Ah, seria benéfico dirigir o centro.” Mas se nós não sabemos como, nós temos que aprender, não temos? Se o Rinpoche tivesse me indicado para projetar a construção de um novo centro, eu certamente teria que ir e aprender como ser uma arquiteta; ou caso contrário, que bagunça seria! O mesmo com a gestão: é uma habilidade real, e necessita ser aprendida. Nós não esperamos que uma pessoa que nao é arquiteta desenhe a nossa casa ou alguém que não é contador faça a contabilidade. Então, se nós não sabemos como administrar, nós precisamos treinar.

 

Quando você começou o Liberation Prison Project, de que forma você estudou para ser uma boa administradora? Você poderia falar sobre o projeto e como você o gerenciou?

O trabalho Prisão começou em 1996, inicialmente quando eu era editora da Mandala e, mais tarde, com a sua própria identidade. Um prisioneiro escreveu para a FPMT e a carta chegou até a minha mesa: Arturo Esquer, um jovem mexicano de Los Angeles, que tinha lido a Introdução ao Tantra do Lama Yeshe e foi muito tocado pelos ensinamentos sobre compaixão. E, então, eu escrevi de volta para ele e aquilo foi o começo. Por volta de 2000, eu tinha terminado meu trabalho como editora da Mandala e o Lama Zopa Rinpoche deu um nome ao trabalho na prisão, o Liberation Prison Project. Em 2001, nos incorporamos como uma organização 501(c)(3) sem fins lucrativos, comigo sendo diretora executiva.

Inicialmente, quando comecei a administrar este projeto, eu tinha um senso intuitivo para gerenciar coisas – eu gosto de fazer as coisas acontecerem. Mas eu precisava aprender como ser uma boa administradora. Eu li muitos livros sobre CEOs; aprendi sobre leis, estudei em profundidade nossas leis para organizações não lucrativas; conversei com advogados. Eu realmente queria conquistar aquilo, compreender o que faz um bom administrador. Eu aprendi que você tem que ser corajoso – mais uma vez. Você precisa se elevar e ser confiante, enxergar o potencial de sua equipe, ajudá-los a se desenvolverem, inspirá-los, educá-los. Eu compreendi que as pessoas podem ser devotas aos lamas mas se elas não gostarem de você, elas não vão fazer um bom trabalho. E isso é difícil. De novo, o Lama: “Seja profissional, pense grande”. Você precisa ter uma estrutura clara, limites claros de responsabilidade e autoridade. Frequentemente, eu vejo que nos centros existe uma desarmonia simplesmente porque não há uma estrutura clara; ninguém tem clareza sobre quem faz o quê. Ou existe demasiada conversa, muitas reuniões, muitos cozinheiros ávidos para fazer uma sopa, mas sem ação suficiente. E, claro, sem visão suficiente, sem confiança suficiente.

No entanto, em geral, uma das maiores lutas em qualquer lugar está relacionada ao dinheiro e a como obtê-lo. Existe esta premissa de que pelo fato de sermos organizações sem fins lucrativos, por sermos religiosos, espera-se que devemos suplicar por dinheiro. A raiz disso na nossa cultura européia está na tradição nobre do trabalho de caridade; e está tão arraigado na tradição oriental e ocidental que não se pode cobrar pelo trabalho religioso. Perfeito! Então, nós assumimos que nós precisamos mendigar. 

Estava claro para mim que, no Ocidente, mendigar simplesmente não funciona. Ninguém gosta de dar dinheiro. Nós não somos como os asiáticos. Em Taiwan, os monastérios são enormes porque as pessoas leigas os suportam totalmente, e todos os monastérios oferecem tudo aquilo de volta para as pessoas leigas. Parece funcionar lindamente por lá.

O que funciona, então, no Ocidente? É muito óbvio que o comércio funciona. Você não precisa suplicar à alguém para dar dinheiro quando você vai a uma cafeteria para comprar um café. Como queremos nosso café, estamos felizes em dar um dinheiro extra aplicado no final dos custos, ou seja, o lucro; nós não nos importamos com aquilo. Então, me parece tão claro que o comércio é alguma coisa que nós conhecemos bem no Ocidente; e nós somos muito talentosos nisso.

Ven. Robina visitando Paul Dewey, um dos muitos milhares de presidiários que se tornaram praticantes por causa do Liberation Prison Project, na Folsom Prison, na Califórnia, em 1997. Paul ganhou liberdade em 2010 e vive em Los Angeles. Foto: site oficial da Robina Courtin

É por isso que eu me impressionei tanto com o Peter por ele ter feito a decisão de gerar dinheiro; se ele não o fizesse quem o faria? Ele, então, começou a fazer negócios. E aonde você vai para fazer negócios ? Ele decidiu ir para Hong Kong: um óbvio centro de comércio. E também um outro estudante antigo, Marcel Bertels : ele administra há anos um negócio em Kathmandu que suporta as atividades do Darma. Isso me ajudou imensamente a pensar fora da caixa sobre o que um centro é, e de que forma trazer o dinheiro. Eu comecei a amadurecer na minha própria mente, comecei a pensar, “De que forma eu faria um centro?” De que forma eu faria um centro se eu tivesse que administrar um, o que eu faria? O que eu teria?

Eu pensava: se eu estivesse administrando um centro, eu teria um café-livraria Budista. Eu teria um spa, eu ofereceria massagem. E de que forma eu faria aquilo crescer? De que forma eu desenvolveria aquilo? Eu teria algumas propriedades – agora eu estava nos Estados Unidos – e então as venderia. Eu imaginava um centro de Darma no interior com alguns acres de terra. Poderia-se facilmente usar uma parte desta terra para construir apartamentos bem bonitos e, então, vendê-los às pessoas para conseguir algum rendimento. E, então, essa ideia começou a crescer na minha mente. Eu não falei sobre isso com ninguém, apenas pensei e fiz minhas aspirações.

 

E essas aspirações, essa ideia, foi o começo do Sherab Plaza, correto?

Sim. Agora que eu estava exercendo uma atividade da FPMT, indicada por Rinpoche para administrar uma de suas organizações, pensei, ok, por que não posso fazer algo assim? Não há nada escrito em qualquer lugar que diga que o diretor de um centro da FPMT não pode fazer negócios para apoiar suas atividades. O projeto da prisão estava sediado em São Francisco naquele momento. Minha amiga Tove Beatty era quem cuidava de nossas contas e foi nossa contadora. Eu mencionei essa ideia para ela, esse conceito de Centro do Darma apoiado por atividades comerciais e ela disse: “Ótimo, eu tenho esses amigos arquitetos, por que não os convidamos para almoçar?”

Um amigo dela, Kasey, era diretor de desenvolvimento de uma empresa, então levamos um dos parceiros para almoçar e apresentamos essa vaga idéia de usar atividades comerciais para apoiar organizações sem fins lucrativos. Ele ficou realmente impressionado. Ele realmente gostou da ideia. Em seguida, Kasey mobilizou outro grupo de arquitetos chamado Smith Group e eles embarcaram, ficaram inspirados e nos ofereceram US$ 50.000 em trabalho pro-bono. Então, por cerca de um ou dois anos, apenas começamos a desenvolver esse plano, a desenvolver essa ideia; foi apenas uma ideia.

E o que aprendi com isso de maneira tão grandiosa foi como tudo começa com uma ideia. É tão óbvio. Como diz Lama Zopa Rinpoche, “Querer é poder”. Essa vaga noção de usar negócios: uma propriedade, alguns condomínios, vendê-los, receber o dinheiro, café, livraria, spa – tudo isso trazendo recursos, que então poderiam apoiar totalmente o centro de Darma, para que ele pudesse prover completamente seus alunos. Essa era a ideia incompleta que eu tinha em mente.

Os arquitetos ficaram animados com a ideia. Eles nos apresentaram a um diretor de projeto, e ele ficou comovido com a ideia. Eles nos apresentaram a Staubach, uma grande empresa imobiliária. Eles ficaram tocados com a ideia e um de seus colegas, Toma Barylak, se envolveu. Havia então essas pessoas diferentes, Toma, Kasey. Eles nos apresentaram um advogado de zoneamento, Andrew Junius, um dos melhores em São Francisco.

Em 2005, isso começou a realmente ganhar vida. Foi fascinante. Tudo começou com esse pensamento em minha mente. E cresceu. E então eu conheci essas pessoas. E cada um deles ouvindo falar sobre isso, movidos pela ideia, ajudaram a dar um passo à frente, outro passo à frente. E essas são pessoas no mundo comercial, pessoas gerenciando projetos de bilhões de dólares. O Smith Group, aparentemente um dos maiores escritórios de arquitetura dos Estados Unidos; Staubach, uma das grandes empresas imobiliárias. E todas essas pessoas mobilizadas por essa ideia, realmente tocadas por ela. Eu expus essa ideia. Teríamos reuniões e cada pessoa acrescentaria seu pedacinho até que ela se manifestasse nessa visão, neste plano.

Lembro-me vividamente de uma das reuniões que tivemos, um dos membros da equipe, que desenvolvia projetos de bilhões de dólares, quando propus a ideia de construir condomínios para ajudar a levantar fundos. Ele se inclinou para frente e disse: “Robina, você pode construir coisas suficientes para pagar por tudo”.

Então, o que eu estava aprendendo disso tudo era: por que hesitar? Eu realmente percebi que nós temos medo de ter ideias. Porque tão pronto ouvimos uma ideia que esteja fora da nossa zona de conforto, dizemos, “Ah, não, não podemos fazer isso, eu não tenho dinheiro para isso”. De tal forma que sequer pensamos nisso, não temos coragem suficiente nem para pensar nisso. Então o que aprendi com isso foi: ter uma ideia não custa nem um centavo. Você precisa ter uma ideia primeiro. E quanto mais clara a ideia, quanto mais clara a visão, maior será a probabilidade de você ser bem sucedido. 

Esta é uma simples ideia por trás do conceito de carma. Carma literalmente significa “intenção” ou “ação”; ação intencional. Essa é a mente, não é? E esta é exatamente uma das abordagens do nível mais sofisticado de prática do Senhor Buda, como ensinado no tantra. Visualizamos, nos imaginamos “trazendo o resultado final para o presente”. Então, quanto mais claro você puder visualizar exatamente o que é um Buda, como ele funciona, e replicar isso em sua meditação, bem, isso é uma causa para se tornar esse Buda. Então isso é muito claro. Precisamos trazer esse conceito para a vida cotidiana comum.

Então, as pessoas se juntaram a nós e cultivamos essa visão até que ela se transformou nessa  visão que chamamos de Sherab Plaza. Eu realmente queria a palavra “plaza”, porque acho que soa bem para os ouvidos ingleses. E eu queria uma palavra tibetana junto. Eu discutia com Toma, o cara do setor imobiliário, que estava realmente entusiasmado, passando por diferentes palavras tibetanas até encontrarmos uma que combinasse bem com a palavra “plaza”. Decidimos que Sherab, que significa sabedoria, parecia bom. Sherab Plaza.

Então pensamos, tudo bem, vamos voltar ao plano, apresentar o que pensamos que gostaríamos e ver quanto dinheiro precisamos para isso. A ideia tomou forma: imaginamos um local de seis acres, no centro de uma cidade grande. E como estávamos em São Francisco, parecia razoável começar por aí. E, de fato, encontramos o local perfeito; apresentamos cerca de dez lugares para Rinpoche, que disse que esse era o melhor, mas “não tínhamos mérito”, disse Rinpoche.

De qualquer forma, no lado comercial, teríamos muitos e muitos condomínios à venda e de titularidade de tempo compartilhado. E uma das principais maneiras de obter financiamento seria gerenciar as titularidades de tempo compartilhado. Teríamos um negócio de estacionamento embaixo. Mil vagas de estacionamento, para vendê-las e administrá-las. E então teríamos um hotel, uma livraria com cafeteria, spa, academia, restaurantes, centro de conferências e outras lojas. E isso traria todos os recursos, que apoiariam totalmente o Darma, que consistiria em um mosteiro para 100 monges e freiras, dando a todos seus próprios lares. Uma catedral. Na minha opinião, por que não pensar como ocidentais? Teríamos uma catedral, não um gompa. Na época, Michelle Stewart, que dirigia o centro da FPMT de São Francisco, o Tse Chen Ling, onde eu estava com o projeto penitenciário da época, eu e ela estávamos trabalhando juntas nessa ideia. E a ideia era ter o Tse Chen Ling lá e seria uma universidade, como eles estão fazendo agora no Maitripa College, em Portland. E haveria o Liberation Prison Project, que eu estava gerenciando na época, e uma grande equipe apoiando isso. Uma escola para crianças. Além disso, teríamos moradias para pessoas sem-teto fora do local, e haveria um parque no meio.

E então analisamos quanto dinheiro precisaríamos para fazer tudo isso acontecer. Então começamos com o resultado final e voltamos a ele. Nosso cara responsável pelo dinheiro, um amigo de Toma, analisou os números e chegou ao valor de cerca de 700 milhões de dólares. Isso foi em 2006, os números certamente mudaram até o momento.

Claro, parece loucura. Mas uma ideia não custa nada. E é isso que as pessoas estão fazendo todos os dias, o tempo todo. Toda a nossa equipe trabalhou nesses projetos, portanto, para eles, não era uma loucura. Eles foram os que me inspiraram a seguir em frente; eles estavam honrados por fazer parte desse projeto.

Preparei um PowerPoint de 25 páginas e o apresentei ao Ven. Roger e para Lama Zopa Rinpoche. Rinpoche ficou encantado! Roger disse que provavelmente teria que esperar meses para receber uma resposta, pois Rinpoche precisaria verificar as pessoas etc. etc., mas Rinpoche teve uma visão naquela noite. Rinpoche disse que, se eu “continuar pensando, serei bem-sucedida… Seja pequeno sucesso ou grande sucesso, ele será alcançado.” E Roger disse que Rinpoche não precisava verificar nada além da terra, que eu podia seguir em frente. Eu fiquei muito empolgada com isso!

O conselho de Lama Zopa Rinpoche: “Não pense em receber, pense em dar” tornou-se o lema do Sherab Plaza e de todo o trabalho da Ven. Robina para seus lamas. “Tão claro em minha mente que se Lama Zopa Rinpoche pode pensar dessa maneira e se ele é meu Lama, então é claro que tenho que imitá-lo. Por que outro motivo ele estaria mostrando este exemplo? “

Isso foi em 2006. Até agora, nada mais aconteceu. Tivemos muitos obstáculos, muitas coisas deram errado. Rinpoche nos deu muitas práticas, e nós fizemos todas elas. A recitação de uma oração de Guru Rinpoche para remover obstáculos, por exemplo. Já fizemos mais de um milhão delas. Conversamos sobre o Sherab Plaza em nosso boletim informativo do Liberation Prison Project, de modo que os prisioneiros ficaram muito animados e envolvidos e contaram suas orações. Fizemos dois conjuntos de vasos da abundância; estátuas de Budas da abundância: um Dzhambala de 30 cm, um Ganapati de aproximadamente 1 metro, e um Nam-tu-tse de 1 metro e meio, que é outra versão do Dzambhala, ao que parece. Encomendamos de Peter Griffin, aluno de Lama Zopa Rinpoche, e escultor da Inglaterra. Elas levaram alguns anos e custaram cerca de US$ 70.000. E o que tornou tudo isso possível foi uma doação de um monge em Vajrapani, Jangchup Phegey, um doador principal. Ele nos deu cerca de US$ 115.000, o que ajudou a pagar o salário de nossa funcionária, Keisha Roberts, por um breve período, além das estátuas.

Em janeiro deste ano, tivemos as estátuas consagradas. Denice Macy, da Land of Medicine Buddha, gentilmente concordou em deixar as estátuas lá, e Geshe Dakpa, lama residente em São Francisco, veio gentilmente ao LMB para conduzir pujas todo o dia. Um grupo inteiro de pessoas compareceu. Um evento maravilhoso. Um bom passo seguinte.

Então estamos aqui agora em 2013, nada está acontecendo na superfície, mas, no que me diz respeito, a ideia está viva e forte. Ofereço mandalas diariamente por seu sucesso, para que se manifeste. Seja nesta vida ou na próxima vida, isso realmente não importa. Eu adoraria fazer Sherab Plazas em todo o mundo. Ter um em Nova York, um em Sydney, um em Londres. Fizemos as práticas recomendadas por Rinpoche. E a terra em São Francisco ainda está disponível, então quem sabe o que vai acontecer!

O que aprendi com isso é, novamente, pensar grande e ser profissional. E é exatamente assim que Lama Zopa Rinpoche também pensa. Rinpoche não usa as mesmas palavras “pense grande”, mas se você olhar para os projetos de Rinpoche, ele é inacreditável, nada limita seu pensamento, ele é ilimitado e destemido em seu pensamento. Se eles são os meus lamas, como posso não pensar assim?

E a sempre oferecer o melhor, ser o mais generoso possível – isso também veio do Rinpoche? Você estava sempre nos incentivando a pensar dessa maneira no LPP.

Sim, então o outro aspecto, que se reflete muito no Sherab Plaza, é pensar generosamente. O que comecei a aprender vendo todos os centros, vendo a mentalidade da pobreza, vendo o medo do dinheiro, pensando que precisamos implorar por dinheiro, o que realmente comecei a aprender sobre isso foi a pensar generosamente. E isso era absolutamente do Lama Zopa Rinpoche. É inacreditável a forma com que Lama Zopa Rinpoche demonstra generosidade.

Isso realmente ficou claro quando uma doadora muito gentil ofereceu algum dinheiro depois que ela vendeu sua casa na Austrália. Ela tinha um cristal que queria colocar na casa para ajudar a vendê-la. Ela pediu a Rinpoche que escrevesse um mantra para ajudar a vender a casa. O Rinpoche disse a ela: “Não pense em receber, pense em dar”.

Esse se tornou o lema do Sherab Plaza, e de todo o trabalho que estou fazendo. E, novamente, muito claro em minha mente que se Lama Zopa Rinpoche pode pensar dessa maneira e se ele é meu Lama, é claro que tenho que imitá-lo. Por que outro motivo ele estaria mostrando este exemplo?

Lembro-me de que quando o Escritório Internacional estava no Land of Medicine Buddha, nos anos 90, e eu administrava a ‘Mandala’, recebíamos US$ 400 por mês, além de nos darem pensão completa. Então Massimo Corona tornou-se diretor do Escritório Internacional e começou a nos dar salários razoáveis, equiparados ao mundo, como uma espécie de salários baixos sem fins lucrativos. E lembro-me de decidir que não aceitaria o salário. Peguei o salário, mas depois devolvi no final do ano, lembro-me de devolver US$ 20.000.

Decidi que também precisava ser generosa, eu tinha que agir generosamente. Sempre nos centros do Darma, pensamos que as pessoas têm que nos dar algo, mas pensei que nós, enquanto centro deveríamos ser generosos. Como poderíamos não ser generosos? Se não formos generosos, como criamos as causas para receber qualquer coisa que seja? Então comecei a desenvolver esse verdadeiro desgosto pela mendicância.

E me pareceu muito claro: se você fizer algo bem feito, aprendi isso na ‘Mandala’, então as pessoas irão se inspirar pelo que você faz e vão querer apoiá-la.

Eu cultivei essa ideia com o Liberation Prison Project. Os prisioneiros não podem dar nada. Precisávamos de dinheiro e começamos muito pequenos, com um orçamento de US$ 500 por mês. Lembro que em 2001, depois de sair da Mandala, decidi que teríamos que pagar salários para que as pessoas pudessem se comprometer totalmente. As cartas dos prisioneiros estavam chegando rapidamente. Não poderia esperar que as pessoas dedicassem seu tempo se não pudessem trabalhar em período integral; nada jamais poderia crescer. Tínhamos que ser profissionais. Então acho que tínhamos um ou dois trabalhadores, e nosso orçamento cresceu para US $ 5.000 por mês, depois para US$ 10.000, US$ 20.000. E no auge, em 2008, acho que tínhamos um orçamento de US$ 40.000 por mês.

A necessidade era enorme. Não podíamos ler as cartas das pessoas na prisão e não nos mobilizar a ajudá-las. Não podíamos dizer: “Não podemos fazer nada, não temos dinheiro”. O que pensávamos cada vez mais era: “Vamos fazer e depois encontramos o dinheiro”. E sempre conseguimos.

Então é claro que o dinheiro tem que vir de algum lugar. Por um lado, eu estava sempre tentando usar idéias comerciais. Com o dinheiro que recebi fiz investimentos, comprei propriedades na Austrália que aluguei e depois vendi, comprei algumas ações de diamante. Em 2009, três leilões em coquetéis bem-sucedidos arrecadaram quase US$ 100.000. Aproximadamente outros US$ 100.000 foram arrecadados pelas peregrinações que liderei ao longo dos anos, organizadas por Effie Fletcher. Fizemos calendários tibetanos todos os anos. Sempre tentando fazer negócios.

Perdi muito dinheiro, mas também ganhei um tanto. No geral, com certeza, tivemos sucesso, mas uma batalha e tanto. Contudo, me pareceu que a melhor maneira de usar minha energia como diretora, ao invés de implorar às pessoas e criar um banco de dados de pessoas para as quais você pode escrever cartas pedindo dinheiro, seria realizando atividades comerciais. Pareceu-me claro que o mérito que criamos ao fazer esforço para ganhar dinheiro era muito maior do que o esforço de pedir dinheiro, esperando que outros o doassem para nós.

Então, ao longo dos 14 anos em que conduzi o projeto da penitenciária, gastamos um total de 2,3 milhões de dólares. O Bodhichitta Trust deu algo como 1,86 disso, com o restante vindo de doações de outros. E durante esses anos, nunca fizemos uma carta pedindo doações, nunca utilizamos a maneira tradicional de obter dinheiro. Entretanto, de alguma forma conseguimos encontrar o dinheiro.

Eu poderia dizer que essa política de não pedir dinheiro e usar o comércio foi bem-sucedida. Acabei com dívidas, mas mesmo com a dívida, acho que fomos bem-sucedidos nessa abordagem.

Eu aprendi isso com os dois lamas, na verdade. Se eu olhar para Lama Yeshe e Lama Zopa Rinpoche, dá no mesmo. Isso deve ser uma qualidade dos seres sagrados. Seres sagrados são seres ilimitados em suas visões, e sendo ilimitados, eles são destemidos, entende. Vejo que na mente samsárica comum, na mente comum, temos medo, não achamos que podemos fazer as coisas, não temos entusiasmo, não acreditamos que é possível, não podemos fazer algo, então nos contemos. Dessa forma, foi o que aprendi com esses dois lamas, com meus dois lamas, este é o exemplo que eles mostraram. Se esse é o exemplo deles, como não ser como eles? Esse é o meu trabalho, entende, realizar as aspirações deles.

 

Então, como alguém começa a desenvolver esse tipo de atitude? Como você aprende a ser valente quando não se sente particularmente corajoso?

Bem, em primeiro lugar estamos aqui sendo budistas, e sendo budistas mahayana estamos fazendo preces todos os dias: Que eu possa me tornar um Buda para beneficiar todos os seres sencientes; Eu quero me tornar um Buda para beneficiar todos os seres sencientes; Eu quero me tornar iluminado. E se você realmente pensar sobre essa aspiração, é escandalosa. Muito corajosa! Isso sim é pensar grande!

A ideia de se tornar uma mente que permeia o universo, que enxerga as mentes de todos os seres, todo o seu passado, todo o seu futuro, que vê todo o seu carma e tem empatia infinita por cada um deles, e tem o poder de se manifestar em trilhões de formas ao longo de trilhões de universos por trilhões de éons, desculpe-me, mas se ousamos dizer isso todos os dias em nossas preces, que absurdo seria ter medo de dizer que eu posso iniciar um projeto de 700 milhões de dólares; ou que eu posso criar um centro de Darma com estórias.

Nós realmente temos que ver o que estamos dizendo em nossas preces. Isso é um absurdo! Dizemos isso de uma maneira sagrada e religiosa, sem perceber que estamos declarando objetivos realmente poderosos. Então, se eu posso ter o objetivo de me tornar um ser iluminado, construir um projeto de 700 milhões de dólares não é nada, entende? Nada. Então, temos que ser lógicos. Se tivermos medo de dizer: “Posso construir um centro de Darma?” Então nunca deveríamos dizer: “Quero me tornar iluminado”. Isso é um absurdo. É uma completa contradição.

E, é claro, quanto mais entendemos, como diz Lama Zopa Rinpoche, que “Querer é poder”. Este é o próprio significado do carma. 

Quanto mais entendemos o budismo, quanto mais estudamos a natureza da mente: que todo pensamento é um carma, que todo pensamento deixa uma semente na mente que irá amadurecer no futuro como manifestação desse pensamento. Esse é o significado do carma.

Então podemos relaxar. Tenha um pensamento. É isso aí. Tenha um pensamento, alimente-o todos os dias e a coisa vai acontecer. Não é complicado, não devemos ter medo disso.

 

E se você é responsável por um centro ou projeto e precisa encontrar os recursos para poder fazer seu trabalho, oferecer serviços, como você faz isso?

É assim que você obtém recursos também. Com o projeto da penitenciária começamos sem nada. Uma carta chegou na minha mesa, lá estava eu editando ‘Mandala’, sem orçamento para uma coisa chamada penitenciária, sabe. Eu mesma recebia pouco dinheiro por semana. Uma carta chegava, você lia a carta, ficava muito comovida com ela, pensava, bem, quem pode fazer isso?

E, como diz Lama Zopa, precisamos cultivar a atitude de um bodisatva. E se meus lamas fazem assim, se eles são meus guias, tenho que tentar ser como eles.

Sendo assim, Lama Zopa Rinpoche veria uma carta de alguém na frente dele e ficaria comovido por suas necessidades. Ele não iria dizer: “Quem será que vai cuidar disso?” e desistir – está na mesa dele. Então, se ele consegue, eu tenho que conseguir.

Assim, a atitude que tive foi: está na minha mesa, é melhor eu cuidar disso. E então, no final do ano, eu estava recebendo cartas de 40 prisioneiros. E toda vez que outra carta chegava eu pensava: “Não posso fazer isso, isso é impossível”. Mas então eu pensava: “Está na minha mesa, tenho que conseguir”. Foi escrito para mim, Querida Robina. Eu me chamo Robina. Eu tenho que conseguir, entende?

Então, qualquer dinheiro que eu tivesse de doações, eu usaria para os prisioneiros. Esse dinheiro não tem uma etiqueta de que pertence a Robina, e que ela não pode usá-lo para o que quer. Essa é a atitude que eu cultivei. E, novamente, este é exatamente o exemplo que Lama Zopa Rinpoche dá, totalmente. O dinheiro entra nesta mão e sai na outra mão no instante seguinte. Então, novamente, se ele é meu Lama, tenho que imitá-lo. Eu tenho que replicar suas atividades.

Foi assim que o projeto da penitenciária cresceu. Depois outras pessoas vieram e trabalharam comigo, cultivamos essa visão entre nós. Pense em dar, não pense em receber.

Funcionários e voluntários do LPP de São Francisco, em 2007. No auge, quando a Ven. Robina Courtin era a responsável, o LPP tinha um time de nove funcionários de tempo integral em dois países e um rendimento mensal de US$ 40.000. Foto: site oficial da Robina Courtin

Isso começa com um pensamento. E temos que ter essa coragem, que é o oposto da preguiça. Existem três tipos de preguiça: a preguiça de não querer ser incomodado, muito cansado; a preguiça de estar muito ocupado, vou adiar, fazer depois, procrastinação, um dos nossos piores crimes; e a pior de todas: não consigo, não é possível.

Portanto, o oposto disso é o significado da quarta das perfeições do bodisatva, a perfeição do esforço alegre, a perseverança entusiasta. É disso que precisamos para ter sucesso em qualquer coisa em nossa vida. Nós temos que ter isso. E como fazê-lo? Cultivando-o. Pensando nisso. Sendo lógico. Ouvindo isso. Analisando o significado disso.

Assim, crescemos para um projeto que gastava 10, 20, 30 e até 40 mil dólares por mês. De alguma forma, o dinheiro sempre vinha. Tínhamos dívidas, deixei o projeto da prisão com dívida; eu assumi isso. Mas ainda assim o dinheiro está chegando para pagar isso.

 

Você poderia falar um pouco sobre a conferência A Felicidade e Suas Causas que realizamos em São Francisco? Você acha que foi bem sucedida?

A conferência da Felicidade foi um dos muitos projetos que fizemos sob os auspícios do Sherab Plaza. Na verdade, era uma atividade do Liberation Prison Project e do Tse Chen Ling, mas foi um evento do Sherab Plaza, foi assim que a apresentamos. Michelle Stewart e eu estávamos trabalhando duro; pelo menos 10 membros de nossas equipes trabalharam arduamente, em período integral por um ano, realizando a conferência em São Francisco, ”Felicidade e Suas Causas”, que era o tipo de conferência que Tony Steel realizava em Sydney com muito sucesso para apoiar o Vajrayana Institute. Foi uma conferência incrível, na verdade. Foi uma conferência brilhante, realmente excelente. As pessoas ficaram muito comovidas com isso. Alguns dos palestrantes disseram que foi uma das melhores conferências que eles já participaram. Cerca de 40 ou 50 palestrantes.

Nós trabalhamos muito nessa conferência, mas perdemos dinheiro com isso. Como trabalhei em período integral por um ano, não tive tempo de conseguir dinheiro para o projeto da penitenciária, por isso tive que fazer empréstimos e, por isso, acabamos com dívidas, e o mesmo ocorreu com o Tse Chen Ling. Mas acho que esse não deveria ser um critério de fracasso. Sempre haverá obstáculos ao sucesso, especialmente se o projeto for beneficente.

O Lama tinha a aspiração de construir uma estátua de Maitreya em Bodhgaya, e Rinpoche queria realizar esse desejo; portanto, desde os anos 80, é isso que Rinpoche está tentando fazer. Eles gastaram milhões de dólares e ainda não têm estátua nenhuma. Isso não é fracasso. Isso é nunca desistir; isso é esforço alegre. E houve obstáculos fenomenais, tiveram que sair de Bodhgaya, ir para outro estado, conseguir mais terras. Isso acontece há 25, 30 anos.

Dessa forma, é claro, Rinpoche é esse exemplo absoluto de confiança incessante. Porém, é preciso simplesmente reconhecer que o primeiro passo é ter a ideia. Ter a ideia é o primeiro passo. Rinpoche quer realizar o desejo do Lama Yeshe, visualizar este vasto Projeto Maitreya e continuar sem nunca desistir dele. Isso é incrível. Tão inspirador. Qualquer coisa que eu possa fazer em qualquer um dos projetos para ajudar Rinpoche, para ajudar o Lama, para realizar seus desejos, então, é claro, eu o farei.


A entrevista  foi publicada originalmente em inglês no blog da Ven. Robina Courtin. Leia aqui.

Os eventos com a Ven. Robina Courtin irão acontecer entre 20 e 29 de junho e as inscrições ainda estão abertas – é só clicar aqui

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