Eu não acredito no Samsara…

Conselho espiritual de uma emanação de Yeshe Tsogyal


Por
Revisão: Cristiane Schardosim Martins
Edição: Carol Franchi
Tradução: Guilherme Erhardt

Sera Khandro Kunzang Dekyong Wangmo ou Sera Khandro foi uma grande mestra do início do século XX. Ela é considerada uma emanação de Yeshe Tsogyal, a consorte de Guru Rinpoche. Ao longo de sua vida, recebeu transmissões e teve diversas visões de sabedoria. Ela está intimamente conectada com a linhagem de Dudjom Lingpa e foi a consorte de um dos seus filhos, Drimed Odzer. Nesse ensinamento, traduzido do tibetano para o inglês, por Christina Monson, Sera Khandro reflete sobre o samsara.


Ó,
Eu não acredito no samsara.
Se eu acreditasse,
Que “nirvana” poderia haver?

Eu não acredito na própria mente.
Se eu acreditasse,
Que “consciência lúcida” poderia haver?

Eu não acredito em uma visão.
Se eu a tivesse,
que vacuidade primordial
Além de toda construção conceitual poderia haver?

Eu não acredito na meditação.
Se eu acreditasse,
Que fluxo contínuo da minha natureza inata poderia haver?

Eu não acredito na conduta.
Se eu acreditasse,
Que ausência de esforço poderia haver?

Eu não acredito nas aparências do substrato.
Se eu acreditasse,
Que base original primordialmente pura poderia haver?

Eu não acredito nas aparências do caminho.
Se eu acreditasse,
Que unidade de luminosidade e vacuidade poderia haver?

Eu não acredito em um resultado.
Se eu acreditasse,
Que estado desimpedido além da expressão poderia haver?

Eu não acredito na realidade relativa.
Se eu acreditasse,
Que união de aparência e vacuidade poderia haver?

Nada existe verdadeiramente.
Tudo é vazio.
Nada é não-existente.
Tudo é muito luminoso.

Quando apenas repouso
dentro de uma lucidez vazia,
a falsa caverna de todas as aparências do samsara e nirvana é implodida,
e tudo desponta como o ornamento da realidade última.

A consciência lúcida vazia e livre de elaboração conceitual
é um brilho luminoso além da clareza ou obscurecimento
que permeia todo o samsara e nirvana.

Eu não espero nenhum resultado além da perfeição primordial.
Unida à expansão da grandiosa e bem-aventurada consciência autocognoscente,
Repouso dentro da indivisibilidade do espaço tríplice.

Esta é a escrita extravagante de uma mendiga;
a tagarelice mundana de um papagaio.
Se os outros a virem, causará constrangimento.

Na minha tradição espiritual, como a de uma mendiga,
todos os fenômenos do samsara e do nirvana aparecem como eles são.
Como pode alguém que pratica o samsara
Entender o que acontece no nirvana?

Estas palavras são falsas, meus amigos divinos!

*O título, que não existe no original, foi incluído pela tradutora.

Traduzido do tibetano para o inglês por Christina Monson, 2022 e publicado pela Lotsawa House. Para acessar o texto em inglês, clique aqui.

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