Lama Rod Owens. Foto: Divulgação.

O poder de ser radical e vulnerável: uma entrevista com Lama Rod Owens

O professor americano fala sobre nosso apego a identidades e de como podemos usar a raiva e o desconforto para amolecer nossos corações e nos tornarmos mais compassivos


Por
Revisão: Cristiane Schardosim Martins
Tradução: Alexandre Vieira
Entrevista por: Bernat Font

O norte-americano Lama Rod Owens é uma das vozes de destaque na sua geração de professores do Darma. Autor do livro Love and Rage: The Path of Liberation Through Anger (Algo como “Amor e Fúria: o Caminho da Liberação Pela Raiva”; North Atlantic Books, 2020), é também um dos coautores de Radical Dharma: Talking Race, Love and Liberation (“Darma Radical: Falando de Raça, Amor e Liberação”, em tradução livre; North Atlantic Books, 2016), com Rev. angel Kyodo williams e Jasmine Syedullah, do qual um trecho já foi publicado no site da Bodisatva. A entrevista abaixo, gentilmente cedida para publicação em nosso site, foi feita pelo praticante Bernat Font, que também escreveu o texto de introdução, e foi originalmente publicada em julho de 2019. 


O perfil de Lama Rod Owens é surpreendente: jovem, pertencente às comunidades afro-americanas e LGBT+, reconhecido como lama pela tradição Kagyu após um retiro de três anos, e ativista social. Ele gosta de falar abertamente sobre questões que nos deixam desconfortáveis, sem vulgaridade, mas também sem tentar ser ‘correto’. Segundo seu site, ele trabalha para ser tão vulnerável quanto possível. Escrevi para ele e tivemos uma hora de conversa pelo Zoom. Esta entrevista foi minimamente condensada e teve bem pouca edição.  

Bernat: Você mora em Boston, mas agora está em Nova York, certo? 

Lama Rod Owens: Sim, estou visitando Nova York para ministrar um workshop intitulado “Desfazendo o Patriarcado” com praticantes que se identificam como sendo do sexo masculino. A ideia é começar a entender o conceito de privilégio. Isto quer dizer, vamos estudar como as nossas interações ocorrem em uma dinâmica de poder situada dentro das identidades, e como os sistemas são criados em torno de gênero ou raça, e também dentro de sistemas que fornecem o contexto para o  poder associado com essas identidades. 

Interessante! Como você começa a ver isso? Porque posso ter muito boas intenções, mas ao tentar entender o ponto de vista das comunidades às quais não pertenço, vejo surgir defensividade. 

Você precisa colocar sua atenção lá: Por que eu fico tão defensivo? O que estou protegendo? Por que não consigo relaxar, escutar e criar espaço para o que os outros estão me dizendo sobre meus próprios padrões de comportamento? É normal ficar na defensiva, mas temos que entender por que nos protegemos. Você precisa se importar com a pessoa com quem está conversando o suficiente para levar a sério sua posição e, assim, começar a desafiar suas próprias crenças. Você precisa estar disposto a se desfazer dessas identidades de poder; mas isso é difícil porque, por exemplo, sinto-me muito à vontade de ser um homem cisgênero e de ser grande, porque posso andar na rua e geralmente não sou assediado. Preciso perceber que aprecio esse corpo e os privilégios que dele recebo. 

Você precisa se importar com a pessoa com quem está conversando o suficiente para levar a sério sua posição e, assim, começar a desafiar suas próprias crenças

Não ser assediado é um poder? Me parece uma norma básica de coexistência civilizada.

Idealmente, deveria ser uma norma básica. Mas uma das razões pelas quais somos tão obcecados por sermos poderosos é porque não queremos nos machucar. Se você é fraco, outros nos machucam. Nos condicionamos a pensar que não somos membros válidos da sociedade se não acumularmos poder, seja por meio de status, papéis sociais, riqueza, propriedades e, por isso, somos considerados fracos ou inválidos. Também estamos operando com a realidade de que entregamos nosso poder aos outros sem perceber. Por exemplo, beleza é um poder; tendemos a seguir ou concordar com muita facilidade com as pessoas que são atraentes ou que mostram algum sucesso. Da mesma forma, minha performance de gênero e meu tamanho do corpo são expressões de poder. Eu posso influenciar não verbalmente as pessoas a me deixarem em paz. 

O que se abre quando deixamos de lado essa necessidade de nos proteger? 

Começamos a ver quem realmente somos, porque a atitude defensiva nos impede de acessar um monte de desconforto. Quando dizem que algo que você faz é prejudicial, a defensividade vem em primeiro lugar porque não queremos assumir a responsabilidade por nosso desconforto e, em segundo lugar, porque não sabemos como questionar esse senso de identidade no qual tão profundamente estamos investidos, especialmente a identidade de ser uma boa pessoa. Se eu sou uma boa pessoa, como posso fazer algo errado? Essa ideia me impede de realmente viver de modos que são eticamente corretos. 

Pessoalmente, eu posso me considerar gentil, compassivo ou amoroso, mas não sei o que é ser ‘bom’. Apesar do meu amor, da minha compaixão e da minha bondade, ainda faço coisas que magoam os outros, e isso põe em dúvida minha compreensão da bondade social. Eu vejo a bondade social como sendo equiparada a deixar as pessoas confortáveis. Você é bom porque as pessoas dizem a você que você é bom. Não estou mais tão interessado nisso. Estou interessado em me conectar com minha bondade básica ou com a parte de mim que é inerentemente boa, que acredito que todas as pessoas possuem. Essa perspectiva permite uma melhoria contínua, em vez do sentimento de que eu faço a coisa certa porque me apego a um código moral rígido ou à aprovação das pessoas que estão ao meu redor. 

Você tem que ser fluido, e muitos de nós somos muito estáticos, estamos presos em identidades. Ou estamos investidos de um modo no qual não sabemos como deixar ir a pessoa que pensamos que nós somos, e permitir que esse processo aconteça, como se diz, continuamente. 

Por falar em fluência ou identidade relacional, por esses dias tenho viajado com pessoas com as quais não tinha me associado por anos, e não apenas reconheço dinâmicas do passado, mas às vezes me vejo voltando a tais dinâmicas. O que posso fazer quando me vejo sendo alguém que preferia ter deixado para trás? 

Veja suas prioridades. Parece que você depende da validação de seus amigos, deseja pertencer a um grupo e não ser marginalizado, por isso se comporta de certa maneira. Se você interromper essa prioridade, verá como deseja ser e estará disposto a aceitar as consequências de como isto interrompe seu senso de pertencimento a este grupo em particular. É por isso que no budismo há tanta cautela em torno daqueles que nos acompanham, porque somos mamíferos e faremos de tudo para pertencer. Ao longo da história, muitas das coisas violentas e mais estúpidas foram feitas por causa da pressão dos pares. Se você não gosta de como você fica próximo de certas pessoas, precisa criar limites e aí você vai deixar de fazer coisas que não são quem você é e das quais pode se arrepender. 

Você disse ‘consequências’, que é onde entram os medos. Você diz que do outro lado do medo está a liberação. 

Pergunte a si mesmo: Do que eu tenho medo? É um medo legítimo? Isso é algo que eu realmente deveria temer? Essas são as escolhas que nós produzimos com a nossa prática: continuo fazendo a mesma porcaria de sempre ou faço uma escolha diferente? Quais são as consequências? Tive que me afastar de certas pessoas, até de bons amigos, porque não sei como ser eu mesmo com eles e porque estou mais interessado em ser livre. 

Mas não aspiramos ser nós mesmos e estar com os outros, por exemplo, com vizinhos que não podemos escolher? 

Isso também é uma afirmação de privilégio: algumas pessoas não podem estar com o vizinho porque o vizinho os quer mortos. É por isso que estou falando em estabelecer limites: sem limites, coloco a mim ou a outros em perigo. Posso lidar com pessoas das quais discordo, posso estar em comunidades completamente opostas a tudo o que defendo, mas sei onde estão os limites: sei de certas conversas que não teremos, lugares aos quais não irei… Para coexistir, devemos perceber que o objetivo não é sermos amigos, gostar de todos, embora você aspire amar a todos. 

Quando há divisão política e agitação, as conversas são ótimas, mas os limites são ainda mais importantes. Uma maneira interessante de conversar é dizer: é nisso que eu acredito, e é nisso que você acredita, mas podemos ter alguma clareza sobre como suas crenças criam violência para mim? Ou pergunte: Que tipos de crenças realmente matam as pessoas? 

Temos essa divisão bem aqui agora na Catalunha. Jantando com um bom amigo com uma visão política oposta, percebi que poderíamos avançar sobre nossas divergências, mas apenas até certo ponto, porque valorizo nossa amizade. Eu gostaria de ser mais capaz de ouvir certas opiniões opostas; mas se agora não sou, não sou. 

Este é um exemplo muito bom. Você precisa ser claro sobre onde estão os limites, porque se você passar deles, então, a violência começa a acontecer. E isso é uma expressão de bondade e compaixão em um relacionamento, porque está promovendo o seu melhor, em vez de querer ir para este território onde você sabe que é emotivo ou magoado. Também não acho que o objetivo seja concordar com todos. Assim como minhas ideias sobre justiça social não vão mudar, entendo que pessoas com posições muito diferentes das minhas também se sentem assim. 

Concordar com os outros facilmente se converte em convencer os outros, e isto já é violento. 

Exatamente. Além disso, as relações não necessariamente mudam com argumentos. Prefiro comunicar como estou vivendo minha vida e como as coisas me afetam. Mas para criar mudanças, é preciso haver uma coragem que, para mim, se trata de vulnerabilidade e de ser autêntico. 

Como essa vulnerabilidade se manifesta? 

Pergunte a si mesmo: como me sinto? Onde está minha dor ou desconforto? Você não pode ficar vulnerável se estiver sempre ignorando onde o desconforto está. Estar em sintonia com esse desconforto começa a guiar você e o ajuda a entender que outras pessoas experimentam o mesmo desconforto. Isso amolece nossos corações e nossas interações. Talvez eu precise estabelecer limites, mas eu também entendo que você está sofrendo. Isso cria uma nova maneira de comunicação com o outro. 

Se não consigo entrar em contato com a minha dor, não posso entrar em contato com a sua. 

Certo. E muito do meu trabalho é sobre identificar que eu sou uma vítima e um agressor, que tenho múltiplas posições. Se eu estiver com raiva ou chateado, sei que por trás dessas experiências há apenas feridas básicas e é aí que podemos nos conectar. Conectar-se através da raiva pode ser destrutivo, mas conectar-se através de nossas feridas é muito mais transformador. As pessoas estão sendo elas mesmas quando estão sentadas sozinhas com seu sofrimento, não há esforço para performar ou colocar uma máscara. Se você é capaz de se sentar nesse desconforto, exposto e aberto para os outros verem, você dá às pessoas a permissão para se sentarem no desconforto delas também. 

Se você é capaz de se sentar nesse desconforto, exposto e aberto para os outros verem, você dá às pessoas a permissão para se sentarem no desconforto delas também

 

É interessante para mim que você ensine sobre vulnerabilidade, uma vez que você vem do vajrayana, uma tradição cuja ideia central é que o professor é perfeito. 

O que é uma ilusão. Mas eu venho do ativismo, do serviço direto e da vida comunitária. Entrei no budismo porque estava sofrendo, por isso parecia natural estar em contato com esse sofrimento; nunca fui doutrinado com essa ideia de que era perfeito. No entanto, eu aprendi que tenho essa bondade básica, essa natureza de Buda, ou que eu já sou um Buda, ou que sou intrinsecamente puro… seja lá como você queira pensar sobre isso. 

E eu acreditava que tinha camadas de ignorância que precisava dissolver para experimentar essa natureza básica. O que também ajudou foi ser negro e identificado como queer porque me dava uma compreensão do poder, por isso nunca tive interesse em acumular poder da maneira como é enfatizado no vajrayana. 

Mas assim como tenho potencial para bondade, também tenho potencial para agressão … sempre tive dificuldade em considerar um desses potenciais como ontologicamente privilegiado, mais ‘verdadeiro’. Isso é que precisamos convencer a nós mesmos de que podemos realmente fazer isso? 

Precisamos saber que não somos a violência que cometemos, mas que há mais. Apesar do que faço no mundo, tenho esse potencial para me conectar a algo que não é violento, com o qual leva tempo para se conectar, mas que é completamente possível. Se não temos essa compreensão, como vamos nos comprometer a reduzir a violência? Qual é o ponto então? Você precisa ver sua bondade refletida de volta para você. Isso acontece o tempo todo, não apenas na meditação: gravitamos em direção a mentores ou heróis porque eles refletem algo interessante para nós que, então, acabamos buscando em nós mesmos. 

Mas estou mais preocupado com as pessoas que nunca experimentaram isso, que tudo o que vêem refletido é a própria violência e isso gera mais violência. Para comunicar o que é a natureza de Buda, digo às pessoas para imaginarem a melhor comida que já tenham experimentado e as maneiras pelas quais tentam voltar a este prato perfeito. É como ter um vislumbre de algo que você nunca esqueceu e que você passa a sua vida tentando recuperar. Mas se você nunca teve isso antes, como você poderá reconhecê-lo se ninguém lhe aponta? 

O que você diria a alguém em uma posição de poder ou privilégio que não o vê e que diz que não se importa, que não vê a necessidade de mudar nada ou fazer qualquer trabalho pessoal? Como fazê-lo ver que certas coisas causam sofrimento para si mesmo e para outras pessoas? 

Por um lado, é como se eles estivessem dizendo que há uma parte deles que não está disposta a olhar. Por outro, eu iria comunicar como o que eles fazem está me impactando. 

Mas eu também cheguei àquele lugar em que não me importo mais, tenho que reconhecer que às vezes faço tanto quanto eu posso, mas essa pessoa não vai mudar, e tudo bem, tudo certo. Tem que haver alguma centelha de vontade para que a mudança comece. 

E não é seu trabalho, nem o meu, fazer essa pessoa querer mudar. 

Bem, porque isso se tornaria violência. Posso entrar em um relacionamento cordial, onde estamos apenas compartilhando ou conversando; mas assim como não gosto quando eles cruzam uma certa linha comigo, não quero cruzá-la com outras pessoas. Às vezes, isso desconecta as pessoas ainda mais. Mas a vulnerabilidade desarma as pessoas, você é tão somente honesto e não fala de política, idéias ou conceitos, você apenas explica como é sua vida e como é a sua experiência. Isso força as outras pessoas a seguirem esse modo de pensar sobre suas vidas também.

Lama Rod Owens. Foto: Divulgação.

Como budista secular, estou acostumado a discursos reformistas orientados por Vipassana, um retorno ao cânone Pali pré-Theravada, etc., e fiquei surpreso que você tenha um discurso semelhante, mas vindo do Vajrayana. Em outra entrevista, você disse que o budismo tibetano tem certa atitude colonial, que eu acredito que pode ser estendida a outras tradições. 

Os tibetanos são colonizados, embora no passado também tenham sido colonizadores (a história sino-tibetana tem sido muito complexa). Chegando ao Ocidente, o que aconteceu é que, porque o poder e a hierarquia são uma parte tão forte dessa tradição, essa cultura budista atraiu muitos praticantes brancos, também porque as comunidades brancas não são tão propensas ao questionamento sobre poder e hierarquia. Então, essas comunidades de prática têm sido criadas e há nelas muito pouca diversidade, sendo configuradas de forma que os tibetanos mantêm grande parte do poder e das capacidades de autorização, e eles se tornam os porteiros e é dito que você tem que aprender as coisas exatamente como eles ensinam a você. 

No entanto, muito do que está sendo ensinado é cultura tibetana, e é claro que isto é o que o tantra tem canalizado nessa tradição. Mas no Ocidente, a prática cultural tibetana não é sustentável. Ela é mais sustentável para os brancos, porque parte da branquitude é sobre assimilação e apropriação. Tenho amigos praticantes brancos que mudaram seus nomes e vestem roupas tibetanas, e isso é maravilhoso se essa é a melhor expressão de suas práticas e aspirações para se liberarem do sofrimento e não ignorar a violência da branquitude através da apropriação. Mas como alguém que vem da comunidade negra, que também é muito colonizado, eu meio que rejeitei tudo isso, nem era um pensamento para mim. Mudar meu nome e vestir túnicas só frustraria minha prática de me libertar. 

Eu acho que é importante pensar como seria um tantra americano ou ocidental. Quero me envolver em práticas tântricas que refletem minha cultura e como eu cresci, e tenho autorização para fazer isso. Além disso, o tantra tem uma base tão indígena que você encontra práticas semelhantes em culturas de todo o mundo, mesmo na África. 

Também é verdade que o budismo é tudo o que os tibetanos têm agora, é isso que os torna importantes no mundo; portanto, se eles começarem a abrir mão disso e dizer aos ocidentais que podem fazer o que quiserem, perderiam algo muito importante para sua cultura. E eu entendo isso totalmente, não estou julgando isso. Mas acho que existem maneiras de trabalharmos juntos, em vez de estarmos nessas hierarquias. Outra questão é que os professores tibetanos não têm um idioma para poder, patriarcado ou misoginia, e essa é uma das razões pelas quais os abusos entre professores e alunos são tão desenfreados. 

Agora que entramos no assunto do abuso, estatisticamente esses incidentes acontecem mais onde é colocada pouca ênfase nos votos monásticos, como é o caso de certas tradições tibetanas ou japonesas – embora o problema não seja exclusivamente delas. E no Ocidente, o budismo é, e será em grande parte, um movimento leigo, então há um perigo potencial aí. 

Certo. Bem, temos que começar a falar sobre essas questões nas comunidades espirituais. Existem tópicos que não são incentivados a serem discutidos nos espaços da sanga e temos que fazer pressão contra isso. Não podemos expor esses comportamentos se não tivermos um idioma para falar sobre isso. Nós precisamos oferecer mais apoio aos professores, principalmente em relação à ética, e precisamos de mais mulheres e pessoas negras no poder e no ensino. Mas, principalmente, precisamos cultivar espaços da sanga onde essas conversas possam acontecer. 

Em comparação com outras tradições budistas, eu associo o tantra com a ideia de transformar energias negativas. O que você poderia dizer sobre a força positiva da raiva? 

Devemos entender que a raiva é uma experiência que nos indica mágoa e ferimentos. Quando a raiva é centrada no ego, torna-se destrutiva e violenta. Retornamos à ideia de proteger o ego. A perspectiva tântrica é que podemos descentralizar o ego da energia da raiva, e então essa energia pode ser facilmente canalizada para beneficiar outras pessoas, não apenas você mesmo. Isso se torna um ato de compaixão. 

Em Barcelona, você oferecerá um workshop de fim de semana chamado Radical Dharma, que também é o título do livro que você escreveu com angel Kyodo williams e Jasmine Syedullah. Por que ‘radical’? 

O darma foi sempre radical, foi sempre sobre interromper os sistemas de violência, através do cultivo da sabedoria e da compaixão. Uma vez cultivados, passamos a esta incrível liberdade: é inerentemente radical. O que não é radical é o quanto impedimos o darma de penetrar em cada parte de nossas vidas. Há muita compartimentalização: o darma é bom nesses lugares, mas não posso ser dármico quando estou fazendo sexo, quando estou chapado ou bêbado… Temos que nos esforçar para levar nossa prática para as coisas das quais nós nos envergonhamos e isso é radical.  

Mas não é como remover o papel que o darma pode ter ao desafiar nosso comportamento? Não se trata de fazer tudo o que você já faz apenas um pouco mais atentamente: o darma muda o que você faz. 

Sim, seu comportamento pode mudar, mas pode não mudar. Talvez algumas das coisas que fazemos não sejam socialmente aceitáveis, mas sejam realmente boas para incentivar uma sabedoria e liberdade mais profundas. 

Você acha que existe uma espécie de “espiritualmente correto”? 

Absolutamente. Definitivamente, existe uma maneira de nos dizerem que um praticante do darma deveria ser. E nos Estados Unidos, isso é dominado por essa estética branca de classe média que sugere que tudo acontece com facilidade: você não precisa ficar com raiva, lutar ou ser criativo, porque você conseguirá tudo. Meus amigos ativistas, principalmente de cor, me dizem ‘ahh, os budistas são brancos, calmos, apáticos …’ e eu respondo que o budismo não é assim, mesmo que essa seja a imagem predominante. O darma radical interrompe isso. E há outras tradições budistas que estão começando a fazer o mesmo. 

Bem, esperamos que você investigue todas essas ideias aqui em Barcelona em março de 2018. 

Sim, será a primeira vez que irei à Europa ensinar: também irei à Inglaterra, Finlândia, Espanha e Holanda. Estou realmente animado! 

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