Foto: Marek Piwnicki (Unsplash)

O xamanismo na tradição Bön nativa do Tibete

Tenzin Wangyal Rinpoche escreve sobre a crença tibetana que associa a fonte das doenças ao desequilíbrio de energia que os seres humanos criam entre si e toda a existência


Por
Revisão: Cristiane Schardosim Martins
Tradução: Ormando M.N.

Tenzin Wangyal Rinpoche é um mestre da linhagem Bön que vive nos Estados Unidos. Nasceu em Amristar, na Índia, depois da fuga de seus pais da invasão chinesa no Tibete. Recebeu treinamento tanto de mestres budistas quanto de mestres de Bön, uma das tradições espirituais indígenas mais antigas do mundo, tendo se originado no Tibete há milhares de anos. É fundador e diretor espiritual do Ligmincha Institute, organização criada para preservar os ensinamentos dessa tradição. 

Muitas vezes chamado de Budismo Bön ou Budismo Bön Tibetano, o Bön tem muito em comum com o Budismo Tibetano, mas mantém suas tradições e raízes separadas. No texto abaixo, extraído do livro A Collection of Studies on the Tibetan Bon Tradition, o mestre discorre sobre a visão da origem das doenças nessa tradição e sobre como a sabedoria do xamanismo pode ser útil para harmonizar desequilíbrios e restaurar um relacionamento harmônico entre os seres humanos e o meio ambiente.


O xamanismo, uma tradição antiga encontrada em culturas ao redor do mundo, valoriza um relacionamento equilibrado entre a humanidade e a natureza. Por causa do recente aumento alarmante da poluição e da exploração do meio ambiente, junto com as ramificações negativas consequentes disso, como o surgimento de novas doenças, tornou-se ainda mais importante para a humanidade recuperar o princípio de harmonia que é central no xamanismo, para reparar o dano feito à Terra, assim como para salvar as pessoas e a natureza da negatividade e da doença. Existe um antigo mito tibetano sobre a origem da negatividade que reconta as causas da doença:

A partir da vasta vacuidade onde nada existe, surgiu a luz, Nangwa Oden (Aparência com Luz), e também a escuridão. A escuridão masculina, Munpa Zerden (Raios de Escuridão) deitou-se com a escuridão feminina, Munji Gyatso (Oceano de Escuridão), e pela união deles, ela deu nascimento a um ovo venenoso.

Esse ovo foi chocado pela força da sua própria energia e vapor emitido para o céu, dando nascimento à energia negativa do espaço. Trovão, granizo e distúrbios planetários passaram a existir. A albúmen (clara do ovo) entornou na Terra e a poluiu, dando origem às doenças derivadas dos nagas, como as deficiências físicas, lepra (hanseníase) e doenças de pele. A casca fez surgir armas danosas e doenças infecciosas, e os distúrbios e doenças de humanos e de animais vieram a partir da membrana. Da essência da gema surgiu Chidag Nagpo (Demônio Negro Roubador-de-Vida) com olhos esbugalhados, rangendo os dentes, e com o cabelo emaranhado com sangue, subindo para o céu como uma nuvem, segurando uma cruz preta (de poder maléfico) na sua mão direita, e o laço que distribui doenças na mão esquerda. Foram os poderes negativos desse ovo que produziram o nascimento, a velhice, a doença e a morte — os quatro sofrimentos que são vastos como o oceano.

O Demônio Preto Roubador-de-Vida é o demônio da ignorância, e ele tem um séquito de quatro* demônios. O demônio branco do ciúme/inveja, que é como um homem com cabeça de tigre, força a pessoa a passar pelo sofrimento do nascimento; o demônio amarelo do apego, com uma cabeça de chusin (crocodilo), força a pessoa a passar pelo sofrimento da doença; e o demônio preto do ódio, que veste um kapala (copa de crânio), força a pessoa a passar pelo sofrimento da morte.

Esses cinco demônios juntos manifestam os venenos das cinco paixões (ignorância, ciúme/inveja, orgulho, apego e ódio), que dão origem às 80.000 negatividades, que eles introduziram nos seis reinos da existência dos seres: deuses, semideuses, humanos, animais, fantasmas famintos e habitantes do inferno. Estes quase destruíram completamente a essência dos seres e da Terra.

Naquele momento, o grande sábio Bön, Sangwa Dupa (essência secreta), manifestou-se como a deidade yidam irada Tsochog (Excelência Superior) e derrotou os cinco demônios. Através do voto que Sangwa Dupa forçou os demônios a tomarem naquela ocasião, seu ensinamento ainda tem o poder de comunicar-se com essas forças negativas. Esse é o voto que xamãs tibetanos recordam em ritos quando se comunicam com espíritos perturbadores, particularmente os cinco grandes demônios, para convencê-los a não criarem problemas e confusão: “Por causa da sua promessa para Sangwa Dupa, você não deve perturbar o meu patrocinador ou o meu povo, eu te pago por isso com este oferecimento”.

De fato, na tradição tibetana, apesar de o xamã poder não ver o espírito em particular, ordinariamente invisível, que está causando um problema específico, é através do poder do rito xamânico que o xamã entra em contato com o espírito, lembrando-o de seu voto de não perturbar a humanidade. Esse rito precisa ser performado de modo adequado, através da recitação do mito que reconta a origem do rito e fazendo oferecimentos apropriados.

Este mito vem da antiga religião Bön do Tibete. De acordo com os ensinamentos do Dzogchen, o caminho espiritual mais elevado nessa tradição, doenças e distúrbios são considerados como sendo o resultado do desequilíbrio causado pela visão dualista que surge quando uma pessoa não permanece no estado ‘natural’ da mente.

Através da conceitualização, surgem emoções negativas e estressantes que afligem o homem com desordens nervosas e doenças físicas. No entanto, assim como os xamãs nativos americanos, os xamãs do Tibete têm uma visão diferente. Eles acreditam que a fonte das doenças é a energia desequilibrada que humanos criam entre eles mesmos e toda a existência, na qual provocam os espíritos da natureza. Para curar as pessoas, a Terra e o espaço, é necessário entrar em contato com esses espíritos, a fim de restaurar o equilíbrio e restabelecer o relacionamento harmonioso com eles.

Esses espíritos (que os humanos perturbam através das suas várias atividades) são os espíritos dos cinco elementos (espaço, ar, fogo, água, e terra), os espíritos das quatro estações, e os espíritos naturais da Terra (árvores, pedras, montanhas, rios, plantas, o céu, o sol e a lua, as estrelas e as nuvens, etc.)

As pessoas perturbam os sadag (espíritos da Terra), os nye (espíritos da árvore), e os tsen (espíritos da pedra), ao cavarem o chão, cortarem árvores e escavarem montanhas. Elas provocam os theurang (espíritos do espaço) ao poluírem o ar, e elas perturbam os lu (espíritos da água) ao poluírem os rios e os lagos.

Essa poluição afeta o ser interior das pessoas e também o meio ambiente. Ao poluírem o espaço, elas poluem as suas mentes; ao poluírem o fogo, elas poluem o seu calor corporal; ao poluírem a água externa, as pessoas poluem, internamente, o seu sangue; ao poluírem a terra, elas poluem seus corpos. Xamãs curam distúrbios mentais e físicos adventícios, mas apenas em um nível grosseiro. De acordo com os ensinamentos Bön, as doenças são causadas ou por nad (doença física) ou por um distúrbio de energia vital por um don (espírito). A pessoa doente é diagnosticada por um médico para verificar se a doença tem uma etiologia física, através de testes de urina e de pulso. No entanto, se é verificado que a doença se deve a uma provocação de energia por um espírito, então será necessário chamar um xamã curandeiro. Através de divinação ou astrologia, ou às vezes através de meditação, o xamã vai descobrir a natureza do espírito perturbador e o modo de removê-lo, como, por exemplo, o pagamento de um resgate.

Tenzin Wangyal Rinpoche. Foto: Divulgação.

O fundador da tradição religiosa Bön, que é nativa do Tibete, foi Tonpa Shenrab Miwoche, e um seguidor de seus ensinamentos é chamado de um Bonpo. Um termo antigo para um mestre praticante dos ensinamentos de Shenrab é Shen. Os Bonpos classificam os ensinamentos espirituais e práticas que Shenrab expôs em nove caminhos ou veículos. Eles são divididos em quatro caminhos causais e cinco caminhos resultantes. O xamanismo tibetano é encontrado dentro dos quatro primeiros, nos caminhos causais. Xamãs no Tibete tomam uma abordagem muito terrena e dualista em relação à vida, curando os distúrbios e doenças nesta vida sem se preocuparem com a próxima vida. Apesar de a motivação deles ser a aspiração altruísta de aliviar o sofrimento dos outros, falta nela a geração da compaixão universal que é encontrada nos caminhos resultantes. É a ausência do cultivo da compaixão por todos os seres sencientes, e da aspiração de realizar a Budeidade como a inspiração para a prática, a maior diferença entre o caminho causal e o caminho resultante.

Os quatro primeiros meios causais do caminho dos xamãs nativos do Tibete são chamados: Chashen (O Caminho do Shen da Predição), Nangshen (O Caminho do Shen do Mundo Visível), Trulshen (O Caminho do Shen da Ilusão ‘Mágica’), e Sichen (O Caminho do Shen da Existência). Chashen, o primeiro caminho, inclui diagnósticos médicos e cura, assim como uma variedade de antigos ritos astrológicos e divinatórios performados pelo xamã para determinar se a pessoa que precisa ser curada tem um desequilíbrio energético, ou se está sendo provocada por um espírito demoníaco, ou energia negativa (como mencionado acima). Hoje em dia esses ritos ainda são amplamente praticados nas comunidades tibetanas.

O segundo caminho, Nangshen, inclui vários rituais para purificação a fim de invocar energia e aumentar a prosperidade, para suprimir e liberar forças negativas, e para invocar e fazer oferecimentos para deidades poderosas, e pagar resgates para espíritos demoníacos. Essas práticas são muito amplamente difundidas no Tibete. As famílias performam rituais pequenos, enquanto rituais de larga escala são usualmente performados coletivamente em cidades, vilarejos e monastérios. Em ritos de resgate, é preparada uma efígie que representa o beneficiário do rito, ou o praticante xamânico que está performando o rito. Eu lembro que quando minha mãe ficou doente por um longo tempo, nós tentamos curá-la por meio de diferentes tratamentos médicos, mas nada ajudou. Nós então performamos vários ritos menores, mas não funcionaram também. Então, finalmente nós convidamos alguns monges xamãs, que performaram um grande rito de resgate, no qual eles prepararam uma grande efígie dela (de fato, as pessoas com frequência fazem efígies do tamanho real da pessoa) e nós vestimos a efígie com as roupas dela, assim a efígie era muito realista e parecia muito com a minha mãe. Então, nós performamos o ritual, oferecendo a efígie no lugar dela para pagar seu débito cármico para com os espíritos. Foi dado a ela um novo nome, Yeshe Lhamo, no lugar do seu nome antigo, Drolma, um tipo de novo nascimento no mundo, e ela se recuperou da doença.

Os xamãs do terceiro caminho, Trulshen, vão aos locais onde há uma energia selvagem forte, onde performam práticas para conquistar os espíritos e demônios que habitam esses lugares, subjugando-os para servirem ao xamã. A pessoa alcança isto através da prática de mantra (palavras de poder mágico), mudra (gestos significativos com as mãos para se comunicar com deuses e espíritos), e samadhi (meditação), enquanto performa sadanas (práticas devocionais) para engajar várias deusas iradas como Walmo e Chenmo. O objetivo dessas práticas iradas, que são direcionadas contra inimigos dos ensinamentos, é proteger os praticantes e os ensinamentos contra perigos e ameaças.

É muito importante performar essas ações com uma atitude de amor e compaixão para com os outros seres, e não devem ser performadas apenas para o benefício do xamã. Trabalhar com a alma dos vivos e dos mortos é a característica mais importante do quarto caminho, Sichen, que contém uma explicação detalhada do princípio da la (alma), da yid (mente), e da sem (mente pensante). “A la é o traço cármico, que é armazenado no kunzhi namshe (ou consciência base). A sem segue o traço cármico e produz experiências felizes, experiências dolorosas e experiências neutras que são experienciadas pela yid.”

Quando a alma de uma pessoa viva é perdida, despedaçada, ou desordenada, existem práticas para chamá-la de volta e reforçar a energia da pessoa, como o resgate da alma. Em relação aos mortos, existem explicações de 81 tipos diferentes de morte, como morte acidental, suicídio, assassinato, e morte sinistra. Seguindo esses tipos de morte, é muito importante performar ritos apropriados, especialmente se a morte ocorre em um lugar que é energeticamente perturbado (por exemplo, um lugar onde eventos desfavoráveis, como acidentes, acontecem regularmente).

Um método particular específico encontrado nesse caminho é o das “quatro portas”, para derrotar espíritos negativos, usando 360 métodos diferentes. Também existem ritos funerários para guiar a alma imediatamente após a morte, comunicando-se com o fantasma do falecido e alimentando-o até o próximo renascimento.

Uma das práticas mais importantes performadas pelos xamãs tibetanos do caminho Sichen é o resgate da alma — Lalu (literalmente resgatar, ou comprar de volta a alma), e Chilu (resgatar a energia-vida). Essas práticas são muito difundidas na tradição Bön e também em todas as escolas de budismo tibetano. Uma pessoa poderia discutir filosoficamente sobre a alma e a energia-vida durante muito tempo; mas, de forma breve, energia-vida é a força que mantém a mente e o corpo juntos, e a alma é a energia vital da pessoa. Negatividades externas podem fazer com que essas duas forças diminuam, sejam perturbadas, ou até mesmo perdidas. Através dos ritos lalu e chilu, essas forças podem ser chamadas de volta, reparadas e balanceadas. Para chamar de volta a força da vida no ritual chilu, o xamã envia energia como raios de luz, como um gancho, para pegar as bênçãos dos Budas; o poder de todos os protetores, protetoras e guardiões(ãs); o poder mágico de todos os espíritos e das oito classes de seres; e a energia vital da força vital dos seres dos seis reinos. Ele invoca essa poderosa energia de todos os cantos do universo e a condensa em sílabas, que ele introduz no coração da pessoa perturbada através do chakra da coroa, reforçando a sua força vital.

Foto: Marek Piwnicki (Unsplash)

Os xamãs performam vários ritos diferentes de resgate da alma. Em um rito, um veado— que irá chamar de volta a alma — é colocado em um prato flutuando em um vaso com leite. O xamã então mexe o leite com uma dadar (flecha auspiciosa de longa-vida), a fim de determinar se a alma retornou. De fato, se o veado está de frente para o altar da casa quando o prato para de rodar, o rito foi bem sucedido; se ele ficar de frente para a porta é porque não foi bem sucedido, e o rito tem que ser repetido.

Em outro rito, o beneficiário tem que jogar um dado branco em um pano branco, apostando contra uma pessoa do signo oposto (de acordo com a astrologia tibetana), que está jogando um dado preto em um pano preto. Quando o beneficiário ganhar, isso significa que o rito foi bem sucedido. Um dos principais modos de reforçar a força vital é a recitação do mantra da deidade da vida. O texto diz que, através desse poder, o xamã traz de volta a força vital de onde quer que ela tenha se perdido. Se ela está acabada, ele a prolonga; se ela declinou, ele a reforça; se ela está rasgada, ele a costura; se ela foi dividida, ele a une.

O resgate da alma Lalu é performada de modo similar; o xamã invoca o espírito que roubou ou perturbou a alma da pessoa, e oferece a ele uma torma (bolo oferenda) representando a união dos prazeres dos cinco sentidos — satisfazendo-o completamente com o objeto visualizado, assim ele irá devolver imediatamente a alma que pegou.

Também parece haver uma forte conexão entre a prática do resgate da alma e a prática popular de lungta, que é performada para reforçar a fortuna e a capacidade ao ‘levantar o cavalo-vento’. Esse é um rito muito poderoso, performado por grandes grupos de tibetanos, no topo de montanhas, no primeiro ou terceiro dia do ano novo. Os participantes estimulam e invocam os espíritos das montanhas ao fazerem oferecimentos de fumaça, pendurando bandeiras de oração e jogando para cima cartões de cinco cores com mantras escritos, a fim de reforçar o prana (ar vital), que é o suporte da la. Deste modo a la também é curada e reforçada, e consequentemente a capacidade, fortuna e prosperidade dos participantes aumentam, e qualquer jornada perigosa que eles empreendam se torna bem sucedida. Esses ritos de cura, nos quais mestres e xamãs Bön se comunicam (seja completamente consciente ou através de experiências fora do corpo) com espíritos e demônios, são amplamente praticados em todas as escolas de Budismo Tibetano.

É interessante notar que uma das formas que as escolas budistas tentaram usar para suprimir o Bön foi acusar os praticantes Bön de serem ‘intelectualmente descivilizados’ — de serem meros xamãs primitivos. No entanto, no sentido mais profundo, crenças xamânicas são o próprio sangue vital dos tibetanos. Tibetanos de qualquer escola religiosa que ficam doentes vão praticar rituais, como pendurar bandeiras de oração, invocar os seus espíritos guardiões e performar ritos de resgate para remover espíritos perturbadores, sem hesitar nem por um instante.

O xamanismo contém muita sabedoria que é usada para harmonizar desequilíbrios, trabalhando para restabelecer bons relacionamentos com os espíritos. O trabalho de xamãs nativos americanos de entrar em contato com os animais guardiões para obter orientação, força e conhecimento, é de grande valor para curar e para restaurar um relacionamento harmonioso com os animais, os elementos, o céu e todo o meio ambiente. Um praticante dos caminhos do Bön, no entanto, pode advertir xamãs ocidentais contemporâneos sobre os perigos inerentes a certas práticas que eles performam. A jornada do tambor, usada para encontrar o animal ‘guardião’ (no qual eles confiam completamente) e colaborar com ele na cura, é um exemplo. Não há meios de ter certeza que o animal ‘guardião’ que o xamã encontrará durante a jornada do tambor vai ser benéfico. Nesse tipo de jornada, ou experiência fora do corpo, a pessoa pode encontrar centenas de seres diferentes, do mesmo modo que um ser não-humano, vindo para o mundo humano, irá encontrar centenas de humanos.

A experiência xamânica é muito importante, então é crucial ter o guardião correto, que deve ser encontrado através da consciência e da realização verdadeiras. Na maioria dos locais do Tibete, cidades e montanhas têm seus próprios guardiões protetores, assim como as várias escolas religiosas compartilham deidades guardiãs protetoras. Entretanto, foram yogis, lamas e mestres realizados que reconheceram, subjugaram e iniciaram esses seres poderosos como darmapalas, ou guardiões dos ensinamentos. Até encontrarem esses mestres, muitos desses seres eram espíritos selvagens e inconfiáveis, ou fantasmas de pessoas malignas ou confusas, assim como os animais guardiões que o xamã encontra podem ser malignos.

Para concluir, parece-me que muitos xamãs agora ativos no Oeste focam em trabalhar com as emoções e problemas desta vida, relacionando-se com os espíritos através de jornadas xamânicas de tambor para curarem a si mesmos e a outras pessoas. Essa prática é muito benéfica para curar perturbações mentais e físicas, e certamente o trabalho que os xamãs fazem é também muito importante para restaurar o equilíbrio ecológico, mas ele não deveria permanecer nesse nível. Em vez disso, o trabalho deles poderia ser aprimorado pelo aprofundamento do seu conhecimento, para obterem compreensão da natureza da mente, e gerarem a aspiração de se engajarem na prática contemplativa para realizarem a Budeidade.

De forma similar, se os meios causais do xamanismo fossem amplamente praticados no mundo, seriam de grande benefício para o ambiente e para a comunidade mundial. Seria de benefício ainda maior se todos os nove veículos fossem praticados.


*Nota do Tradutor: O texto original refere quatro demônios, mas lista apenas três.

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2 Comentários

  1. Graziela disse:

    Muito bom 👍

  2. Parabéns pelo texto sobre o xamanismo bön,sâo matérias como esta que enriquece a pessoa que a ler.

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