Samsara – A Jornada da Alma

Um adolescente lê o Livro Tibetano dos Mortos para uma velha senhora que se prepara para desencarnar



Vencedor do Prêmio do Júri da sessão Encounters no Festival de Berlim 2023, Samsara – A Jornada da Alma é o mais recente filme do galego Lois Patiño, nome que faz parte da geração de cineastas do chamado “Novo Cinema Galego”. A exemplo dos seus dois longas-metragens anteriores, “Costa da Morte” (2013) e “Lua Vermelha” (2020), nesta nova obra o diretor segue fiel ao seu estilo contemplativo, com imagens bucólicas e de deslumbrante beleza para retratar uma emocionante jornada da alma. 

Rodado entre Laos e Zanzibar, principal ilha do arquipélago tanzaniano, Samsara  é dividido em duas partes, cada uma captada por um diretor de fotografia diferente (Mauro Herce no primeiro país e Jessica Sarah Rinland na Tanzânia). Quanto a essa particularidade, o diretor fez a seguinte revelação: “Já que estamos falando de reencarnação, eu queria que quando reencarnássemos na segunda parte do filme, a nossa perspectiva e a forma como nos relacionamos com essa realidade mudasse”.

Na história, acompanhamos um adolescente no Laos fazendo a leitura do “Livro Tibetano dos Mortos” para uma velha senhora que se prepara para desencarnar. Quando, enfim, a alma dela atinge o nível que lhe permitirá escolher sua próxima forma material, o público é convidado a juntar-se a essa viagem, fechando os olhos na sala de cinema por alguns minutos e imaginando essa fantástica travessia, pontuada por clarões de luz e cores filtrados pelas pálpebras, com gravações de conversas e sons da natureza. Por fim, despertamos todos em Zanzibar, onde a alma ocupa um surpreendente novo corpo, e então podemos acompanhar o dia a dia da família onde ela renasceu.

De maneira simples e delicada, o filme propõe uma viagem transcendental jamais vista no cinema, convidando (literalmente) o espectador a uma experiência sensorial, com efeitos que fazem referência à passagem entre a morte e a reencarnação, conforme o conceito budista conhecido como “bardo”. Apesar de ter a morte como assunto principal, “Samsara – A Jornada da Alma” é também uma celebração à existência ao mostrar uma idosa aceitando com serenidade o fim de um ciclo bem vivido. Em paralelo ao tom solene, o filme mostra a vida acontecendo, com jovens monges do Laos nos seus rituais de meditação, mas também usando celulares e partilhando música pop. Enquanto em Zanzibar, grupos de mulheres seguem com seus trabalhos manuais colhendo algas para a produção de cosméticos e fazendo planos para um futuro próspero. 

Realizado com baixo orçamento, este é um filme que aposta na criatividade para encantar as plateias. “Com ‘Samsara’ redobro a minha aposta no cinema que me interessa, como experiência meditativa e contemplativa”, concluiu o realizador. Com base nas reações positivas dos festivais por onde passou, temos aqui uma proposta artística e filosófica que pode agradar a todas as pessoas – independente de crença religiosa –, sobre um assunto que o mundo ocidental não está acostumado a refletir.

Festivais: Berlin International Film Festival / Valladolid International Film Festival / Golden Apricot Yerevan International Film Festival / New Horizons International Film Festival (Polônia) / IndieLisboa International Independent Film Festival / Festival International du Film Indépendant de Bordeaux (Fifib).

O lançamento será amanhã, dia 09/11 às 20h no Petra Belas Artes em São Paulo-SP, seguido de conversa com Daiko Krauss (discípulo da Monja Coen) e Arthur Shaker (casa do Dharma).

Para saber mais, clique aqui.

 

Ficha técnica

Samsara – A Jornada da Alma

Diretor: Lois Patiño

Roteiro: Garbiñe Ortega e Lois Patiño

Elenco: Amid Keomany, Toumor Xiong, Simone Milavanh, Mariam Vuaa Mtego, Juwairiya Idrisa Uwesu
Duração: 113 min
Cinematografia: Mauro Herce, Jessica Sarah Rinland
Edição: Lois Patiño

Design de som: Xabier Erkizia

Som: Xabier Erkizia

Gerentes de Produção: Claudia Salcedo, Garbiñe Ortega

Produtor: Leire Appellaniz

Produtores executivos: Claudia Salcedo, Garbiñe Ortega

 

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