Jetsunma Tenzin Palmo fala sobre a abertura de apenas escutar para nos livrarmos do cultivo de uma indignação hipócrita
Jetsunma Tenzin Palmo é como um furacão. Depois de sua passagem pela América Latina e a América do Norte, agora ela segue para a Austrália propagando os ensinamentos budistas sobre motivação, compaixão, amor, bondade, paciência e treinamento da mente. Leva na bagagem a coragem das grandes mestras de espalhar o Darma por todos os recantos da Terra.
Sem parar para reclamar um só momento. Esta incansável mestra ofereceu um workshop e um retiro em São Paulo, no início de abril deste ano, para uma plateia de mais de 600 pessoas, composta por diferentes sangas de todo o país. A dupla Jeanne Pilli e Rafaela Valença teve o mérito de conversar com esta professora espiritual para a Bodisatva.
No encontro, a monja budista comentou sobre assuntos como o medo e o ódio, o florescimento do Darma no Ocidente e o resgate da linhagem das togdenmas, grandes yoginis. “Temos que aprender a cultivar amor e bondade, compaixão e paciência. Quem melhor para nos ensinar essas coisas do que pessoas que pensam completamente diferente de nós? De certa forma, elas estão nos ajudando a realmente contemplar nossas próprias negatividades, que brotam quando alguém faz algo de que não gostamos. Ao invés de dizer “Não gosto disso, não aprovo isso”, podemos pensar que essa pessoa é um espelho de mim, da minha própria mente. Como eu respondo? De forma hábil ou não? Criando mais ou menos conflito?”, questiona Jetsunma.
Confira a entrevista na íntegra!
Essa energia profundamente negativa, que se origina no ódio e no medo, não deveria ser alimentada por nós com ainda mais ódio e medo. Falamos muito das poluições materiais: poluição do ar, das águas, da terra. Mas, ciclicamente, o planeta está muito poluído. Se pudéssemos visualizar toda a energia de nossas emoções e pensamentos de raiva, violência, ambição, inveja, competitividade… Se isso fosse visível ao redor do globo, veríamos uma camada muito escura e densa de energia. Portanto, é fundamental que não alimentemos ainda mais. Ainda que nossa indignação pareça justa: nenhuma indignação baseada em raiva, ao invés de compaixão, é justa. Isto apenas agrega mais medo e ódio ao mundo.
Do nosso ponto de vista, é crucial que manifestemos exatamente o oposto, o antídoto. Como disse o Buda: “o ódio nunca cessa pelo ódio; o ódio cessa pelo não ódio”. Precisamos manifestar o não ódio, o amor, a compaixão, porque o mundo está em grande sofrimento, e as pessoas que sustentam esse sofrimento precisam de compaixão. Quando oferecemos compaixão e amor, não significa que estamos de acordo. Não dizemos: “claro, elas estão certas de pensar assim”. Não, não é isso. Essas pessoas estão redondamente enganadas. Mas como é triste que elas tenham uma mente capaz de sentir antagonismo às coisas que são boas!
Devemos manifestar bondade amorosa ao invés de ódio. Esse ponto é muito importante, pois se nos aliarmos a essa energia de paranoia, medo e raiva – usando o exemplo de Star Wars – estaremos nos juntando ao outro lado, o lado do mal. Se respondemos ao mal com a raiva, nossa raiva também é o mal. Então, por que dar ainda mais força a tudo isso? Precisamos de muita bondade amorosa, como uma vela acesa na escuridão.
Escute! Não precisamos dizer nada, precisamos escutar: “Por que você está pensando dessa maneira?” e entender esse ponto de vista. Dessa forma, é possível haver um diálogo aberto. Do contrário, se encaramos as pessoas com a certeza de que estamos certas(os) e elas estão erradas, já começamos uma guerra. Você não consegue ouvi-las, elas não conseguem ouvir você, e há apenas conflito. Ambos os lados acreditam estar certos. Até mesmo com veganismo, as pessoas se tornam muito fundamentalistas. E isso somente as fecha. Não ajuda.
Temos que aprender a cultivar amor, bondade, compaixão e paciência. Quem melhor para nos ensinar essas coisas do que pessoas que pensam completamente diferente de nós? De certa forma, elas estão nos ajudando a realmente contemplar nossas próprias negatividades, que brotam quando alguém faz algo de que não gostamos. Ao invés de dizer “Não gosto disso, não aprovo isso”, podemos pensar que essa pessoa é um espelho de mim, da minha própria mente. Como eu respondo? De forma hábil ou não? Criando mais ou menos conflito?
O maior orgulho do nosso monastério de Khampagar são os togdens, os yogis. Como o Karmapa anterior comentou, até mesmo no Tibete, togdens assim são extremamente raros. Todos os respeitam muito. Quando o penúltimo Khamtrul Rinpoche colocou um kata de seda ao redor do meu pescoço (hoje em dia, todos têm katas de seda, mas naquela época a maioria era feita de voal; katas de seda eram muito raros), ele me disse: “no Tibete nós tínhamos muitas togdenmas, mas agora isso se acabou e, portanto, estou rezando para que você reviva essa linhagem de mulheres yoginis tão preciosa”.
Eu recebi isso como um compromisso muito especial, uma vez que o Rinpoche fez o pedido de maneira bastante formal – e ele não costumava fazer esse tipo de coisas apenas por fazer. Percebi, assim, que era a aspiração dele que eu revivesse a linhagem das togdenmas. E quando me foi pedido para iniciar o monastério, minha ideia era criar um local para receber essa linhagem de yoginis. Essa nova linhagem deveria ser melhor educada.
O motivo de as mulheres terem permanecido tão silenciosas tem a ver com o fato de elas não terem tido acesso à educação. Elas não tinham a confiança nem o domínio necessário da linguagem para se expressar e, consequentemente, eram desprovidas de voz – como sempre. Portanto, senti que a primeira coisa a se fazer era ter monjas devidamente educadas em filosofia budista e debates, tal qual os monges. Depois, passados os seis anos iniciais (o programa dura 12 anos), elas poderiam decidir se gostariam de seguir estudando, entrar em retiro ou fazer outra coisa. Algumas monjas, especialmente as tibetanas, manifestaram a aspiração de entrar em retiros longos, o que nos levou a construir um centro de retiro.
Essas monjas entraram em retiro e, agora, já concluíram nove anos. No início, apesar de estarem sendo instruídas pelo representante das yogis Togdenma no Khampagar, ele não as oferecia ensinamentos mais aprofundados. Elas não tinham permissão, por exemplo, para praticar as yogas de Naropa, sobretudo tummo, discussão que se estendeu por muitos anos. Finalmente, após completarem seis anos de retiro, ele e Khamtrul Rinpoche concordaram que elas já poderiam começar a praticar essas yogas.
O próprio Rinpoche está lhes ensinando: ele as visita e passa o dia praticando junto. Agora, ele está levando-as a sério. E as monjas, pelo menos algumas delas, realmente pretendem dar prosseguimento e, eventualmente, tornarem-se togdenma. Quer dizer, você não se torna um togden até que sua realização se estabilize. Você não tem uma realização, simplesmente, e então se considera iluminado(a). Este é apenas o início do caminho, não o final. Só quando a realização está totalmente estabilizada e não mais desaparece é que se pode reconhecer alguém como verdadeiro(a) togden(ma), e conceder-lhe o título.
Não acho que haja diferença. Em algumas linhagens, como a Ratna Lingpa, há uma pequena diferença entre tummo para mulheres e tummo para monges. Mas me parece – nunca perguntei a eles, mas suspeito –, que os ensinamentos sejam transmitidos só por homens, como sempre.
Acho que está havendo uma grande transformação, em parte boa, em parte não tão boa. Uma coisa claramente discernível é que, no Oeste – e cada vez mais na Ásia – o público se constitui, majoritariamente, de pessoas leigas. Tradicionalmente, a maioria daqueles(as) que ouviam os ensinamentos eram monges e, quando havia leigas e leigos, em geral as palavras entravam por um ouvido e saíam pelo outro: estavam lá apenas por devoção. Agora, entretanto, o público são pessoas leigas, altamente educadas, que desejam compreender e praticar. A ênfase mudou completamente, no sentido de que é muito diferente falar para um público monástico e falar para um público não monástico.
As monjas, por exemplo, passam o dia todo, das cinco da manhã às onze da noite, envolvidas em atividades formais do Darma: pujas, estudo, meditação, memorização de textos, dentre outras. Sua vida inteira está centrada em viver como uma comunidade do Darma, realizando atividades do Darma. Então, obviamente, é muito diferente falar para elas e falar para pessoas que têm famílias, trabalhos e vida social. Contudo, se o Darma é relevante, tem de ser relevante para ambos – mas a ênfase é diferente.
Mesmo no Tibete, está havendo uma transformação. Se olharmos as biografias dos grandes lamas que vieram para o Ocidente, como Chagdud Tulku, Dilgo Khyentse, Urgyen Tulku, dentre outros, veremos que eles passaram boa parte de suas vidas em retiro. No Tibete, essas coisas aconteciam naturalmente há séculos. Você encontrava uma boa caverna ou eremitério, ficava lá por cinco anos em retiro, saía, ia de um lugar a outro e encontrava outra caverna, ficava mais três anos, e assim por diante. Somando tudo, eles provavelmente passavam de vinte a trinta anos em retiro, pois seus monastérios funcionavam por si só, não precisavam de um lama.
Agora, entretanto, com os yangsi – as emanações desses lamas – tudo é bem diferente. Em primeiro lugar, eles estão vivendo no século XXI. Em segundo, há tantos centros de Darma espalhados pelo mundo necessitando de lamas para orientá-los, que, desde muito jovens, eles passam o tempo viajando por muitos países. A quantidade de prática formal que eles acumularam, em comparação aos lamas do passado, é muito pequena. Quer dizer, eles já se tornam pop stars quando bem novinhos! Essa preocupação não é só minha. Muitos grandes lamas se preocupam por não haver aquele nível de intensidade de prática que havia antes.
O próprio Karmapa, recentemente, comentou sobre isso, pois ele sente que não foi adequadamente treinado. Ele disse que tinha feito pouquíssimos retiros, que seu treinamento filosófico fora prejudicado em diversos aspectos e que ele não se sentia suficientemente preparado. Ele se sentia assim nessa vida, e ele é o sétimo Karmapa! Poderíamos pensar que, nesse ponto, essas coisas não seriam mais necessárias (risos). E, ainda assim, ele achava que tinha sido pouco treinado.
Agora, pense: se é assim com ele, o que dizer dos outros? Pouquíssimos desses jovens tulkus acumularam muita prática formal, Mingyur Rinpoche sendo uma exceção. E isto é um problema. Por um lado, eles são muito carismáticos e entendem com facilidade a mente do século XXI. Por outro, contudo, seu real aprofundamento na prática formal não é nada, comparado ao que era no passado.
Bem, elas não se distraem tanto quanto os monges. Muitos lamas, incluindo o Karmapa, já disseram que colocam suas esperanças nas monjas. Porque os monges, especialmente com seus smartphones, WeChat e tudo mais, se distraem bastante. No nosso monastério, algumas delas têm smartphones porque as famílias dão, mas nós temos regras e a muitas delas essas coisas não são permitidas. Durante a semana, elas entregam os telefones para a disciplinadora e, no domingo, podem pegá-los de volta. Porque, senão, é impossível resistir, é como um vício. Então, para protegê-las de si mesmas, nós temos que tirar os telefones. E se houver uma emergência, é possível ligar para o escritório. Do contrário, elas continuam com os estudos e práticas e não se distraem com esses aparelhos.
Ah, sim! Ele era um dos ngakpas, iogues leigos, que viviam em Bir. Bir é bem próxima de Tashi Jong, onde fica nossa comunidade. Havia esse grupo de ngakpas vivendo em Bir, incluindo Chokling Rinpoche e outros, eles todos andavam juntos. Minha memória mais marcante dele é de uma dança anual de Guru Rinpoche — Guru Padmasambava— em Tashi Jong. Naquela época, não havia água encanada, todos se lavavam no rio, e ele estava lá dando banho na filha. Eu sempre lembro, não sei por quê, de olhar da ponte, parar e conversar enquanto ele ensaboava e banhava a filha no rio. Foi uma grande surpresa para todos quando ele largou tudo e se mudou para o Ocidente.
E mais tarde para o Brasil, sim. Bem, na época em que ele chegou ao Brasil, tudo bem, mas sobretudo antes disso, quando ele foi para os Estados Unidos… Quer dizer, ele não era o tipo de pessoa que você imaginava que tivesse a motivação de ensinar todos aqueles bárbaros (risos). Foi uma grande surpresa porque ele não era jovem, já tinha sido casado, tinha uma família, não sabia falar inglês. Nunca imaginamos que ele fosse largar tudo de repente e partir. Ele deve ter tido uma intuição muito forte de que isso era o que ele precisava fazer, para ter ido assim sem nenhum apoio, sem ainda ter muitos discípulos ocidentais ou coisa parecida. Simplesmente abandonou tudo e foi para um lugar completamente diferente. E, no fim, se saiu muito bem [Bodisatva: Aqui no Brasil, ele é o guru do Lama Padma Samten] Sim, é extraordinário!
O Budadarma, como vocês sabem, sempre assumiu as características dos países onde chegou. Temos o budismo chinês, tibetano, tailandês, japonês. O budismo se adapta muito bem. Ele pega aquilo que precisa de uma cultura e, ao mesmo tempo, altera essa cultura enquanto mantém a mesma aparência. É muito flexível. É como se você colocasse água em uma xícara de porcelana, ou uma taça dourada, ou um copo de vidro, ou um bule, ou um vaso, ou qualquer outro recipiente: ainda assim, seria água. E esse é o ponto: por fora, ele tem uma aparência diferente, mas por dentro ainda é o Darma.
Deveríamos, portanto, ser gratas(os) porque, pela primeira vez, todas essas tradições que se desenvolveram em culturas separadas estão se juntando e se encontrando. Temos de nos reconhecer uns aos outros. Esse é um dos pontos centrais da Sakyadhita, a organização internacional de mulheres budistas, que se reúne a cada dois anos em um país budista diferente. Essas pessoas vêm de tradições completamente diferentes de modo não-sectário. Teravada, Mahayana, Vajrayana… Quem se importa? Somos todas(os) budistas.
Os encontros da Sakyadhita são voltados a monjas e mulheres leigas. Claro que homens também participam – monges e alguns maridos –, mas o evento é para mulheres. E é incrível ver todas as monjas juntas: algumas delas em branco, da Tailândia, outras em rosa, de Myanmar, ou amarelo, do Sri Lanka, ou em cinza, preto e marrom, de países Mahayana. Somos todas diferentes, entoamos em estilos diferentes, temos o nosso modo de fazer prostrações… E todas temos a cabeça raspada (risos). Mas quando nos reunimos, reconhecemos que, apesar das diferenças externas, somos monjas budistas. É uma sensação muito boa, todas se juntam e não há discriminação. Todo dia há um tipo diferente de meditação, de uma tradição em particular, e todas participam. Há diferentes cantos, palestras, oficinas.
O ponto central, portanto, não é apenas o fato de que se enfatizam as opiniões femininas. Mulheres falam sobre mulheres e seus interesses, em vez de serem relegadas ao fundo, como na maioria das conferências budistas com um professor só. Aqui são todas mulheres, e o evento é organizado por mulheres para mulheres. Mas, além dessa questão, há o sentimento de que a nossa tradição em particular não é o que verdadeiramente importa. A questão crucial é que nós estamos praticando o Darma. Isso não é maravilhoso? E nós valorizamos o Darma umas das outras. Ninguém diz que temos de nos vestir e entoar de forma igual. Nós valorizamos o fato de todas terem um modo diferente de fazer as coisas. E, ao mesmo tempo, valorizamos as nossas semelhanças, o fato de estarmos todas no mesmo caminho.
Nós nascemos em uma família e ela é muito querida. Pensamos que a nossa família é especial porque é nossa. Isso não significa que a sua família não seja boa só porque não é a minha família. Certo? A sua família é muito querida para você, a minha família é querida para mim e nós todas(os) somos uma família. Não é bom se fechar demais. E também podemos aprender, porque cada tradição tem seus pontos fortes; mas também há coisas que ela não enfatiza, e talvez outra tradição enfatize isso. Por exemplo, eu geralmente sou convidada a falar em centros Zen quando vou para os Estados Unidos. É claro que não vou falar de meditação em centros Zen, então eu pergunto a eles sobre o que eu deveria tratar, e com frequência as pessoas respondem, “Nós entendemos bem a parte da sabedoria, mas não temos o lado da devoção e da compaixão. E os tibetanos são bons nisso. Você poderia falar desse assunto?“. E quando falo, muitas pessoas se aproximam e dizem que isso era exatamente o que precisavam ouvir para abrir seu coração.
Por outro lado, contudo, os tibetanos não são tão bons com atenção plena (risos). Então, é bom que alguém venha e ensine isso. Agora, todo ano, as nossas monjas participam de um curso de vipassana do Goenka, porque elas não têm essa coisa de olhar para dentro de forma guiada. E também o Alan Wallace tem vindo oferecer ensinamentos, em tibetano! Ele fala sobre shamata, vipassana e Dudjom Lingpa, e assim elas podem se conectar. Elas adoram porque não estão acostumadas a fazer sessões guiadas.
Portanto, cada tradição tem suas riquezas e cada uma tem seu foco. E nós estamos em uma posição feliz de poder manter nossa linhagem e poder aprender com os outros. Às vezes, as tradições ficam muito territorialistas. Nós não deveríamos cair nesse erro.
Sim, a tradição Bön é ótima. Desde que você não diga, “Eu sou Bön, então não posso ouvir mais ninguém“. A tradição Bön contribuiu muito para o budismo tibetano. Muito do budismo tibetano vem do Bön. E o Bön, é claro, pegou muita coisa do budismo, porque eles não tinham uma filosofia, nem uma tradição monástica naquela época. Por exemplo, Dharmakaya em tibetano se chama Chö ku. Chö é Darma, ku é corpo.
Assim, na tradição Bön, o equivalente é Bön ku, o que é muito bonito (risos). Mas quer dizer a mesma coisa: eles não têm Chö, eles têm Bön, então eles têm Bön ku e nós temos Chö ku. Da mesma forma, muito do Dzogchen tem origem no Bön, além das bandeiras de oração, dos mantras gravados em pedras e coisas assim, que obviamente têm uma origem xamânica. O meu lama, o Khamtrul Rinpoche anterior, era muito próximo do Bön e os ajudou a se estabelecer, por assim dizer. E ele falava que, hoje em dia, o Bön e a tradição Nyingma são praticamente idênticos.
Sim, ele mais do que ninguém está revivendo o Bön no Ocidente.
Os meus primeiros professores na Inglaterra, antes de eu ir para a Índia, eram Bonpo. Os primeiros lamas que conheci eram do Bön e, agora, são suas principais autoridades. Eles eram adoráveis. E vegetarianos – o que é muito incomum para tibetanos. E eles eram vegetarianos bem estritos, não diria veganos, mas vegetarianos.
Acredito que sim, pois eles já eram quando chegaram na Inglaterra. Naquela época ninguém era vegetariano. Então, era muito difícil convidá-los para almoçar e saber o que preparar para eles, porque não havia alternativas e livros de culinária, como há hoje em dia. Lembro que eles adoravam – um deles, especialmente – assistir a esses programas sobre vida selvagem na televisão. Nos Estados Unidos, eles mostravam o lado materno dos animais, não as lutas e caçadas que vemos hoje em dia. Naquela época era muito bonito, pois os programas tratavam dos vínculos entre os animais, coisas do gênero, e ele amava assistir!
Por fim, sim, o Bön é ótimo. E, nos Estados Unidos, o Bön se tornou moda agora, porque o budismo já é passado, sabe. “Ah, budista… todo mundo é budista. Eu sou Bön!” (risos).
Agradecimento especial ao Lama Jigme Lawang e à Sanga Drukpa Brasil que generosamente fez a ponte entre nós e esta grande mestra de sua linhagem e tornou esta entrevista possível. Nosso profundo agradecimento!
Apoiadores
4 Comentários
Ótima entrevista ^^ Adorei a pergunta sobre a tradição Bon ^^
Gratidão e parabéns! ^^
Gratidão …
Gratidão imensa. Começar mais um dia tomando contato com a sabedoria de Tenzin Palmo tão querida por nós. Grata a Bodisatva e toda a equipe de tradutores.
Almejo que todos os seres tenham esse grande benefício, de poderem usufluir dessa leitura e de todos os ensinamentos budistas! Sinto-me muito feliz de fazer parte dessa imensa Sangha, que ao praticarmos estamos entendendo o mundo e sendo particípeis dessa grande transformação de amor e compaixão!