Confira a primeira parte dos cinco trechos do resgate que fizemos do acervo do site da Bodisatva de palestra oferecida no Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro, em 2010
Eu poderia falar sobre doença mental sob o ponto de vista do terapeuta ou do paciente. Aqui eu vou escolher falar como se estivesse falando com o paciente. O primeiro aspecto que eu falaria, usando uma linguagem nordestina, seria: “Não se aperreie, bichinho”! As coisas são construídas e elas afligem, mas não têm a solidez que parece que elas têm.
Quando nós estamos em meio a uma crise, as crises são sempre alguma coisa parecida com um rato preso em algum lugar e que não está encontrando saída.
A nossa mente gira acelerada porque nós estamos buscando saída e aquilo naturalmente já é a perturbação. Enquanto nós estamos focados intensamente buscando uma saída, a gente passa por cima dos outros, não vê os outros, tem um comportamento estranho. Uma das características das nossas crises é a gente não ver os outros. Ou seja, a gente está focado em alguma coisa muito específica e no caso da crise nós não estamos tendo vitória nenhuma, nós estamos nos sentindo ameaçados. Esta sensação de ameaça, com a sensação de que não encontramos saída, e nós vasculhamos intensamente as saídas, é a característica de uma crise.
Então é natural que a pessoa tenha uma mente que fique com a aparência de desorganizada. A pessoa pode ter pequenos acidentes, pode ter acidentes maiores, pode ter muitas confusões. Tem pessoas que se acidentam feio, morrem no meio disso. Vamos encontrar muitos exemplos de gente que pegou um carro, acelerou demais, não viu isso, não viu aquilo. Não viu por que? Porque não está vendo. A pessoa está vendo apenas uma certa característica do seu problema e está esquecendo todo o resto. A pessoa atravessa por cima dos outros, ela comete violências, atrocidades.
Eu lembro de uma praticante do Zen que era muito jovem e eu tinha essa conexão com ela. Ela estava num hospital psiquiátrico – adolescente, pouco mais do que uma adolescente. Quando eu cheguei no hospital ela estava contida, estava amarrada. Por que? Porque ela tinha agredido uma enfermeira. Quando eu conversei com ela, ela disse: “Eu estava rodeada de seres ameaçadores. Aí eu peguei o crucifixo de um colega de sofrimento e botei na minha frente pra me proteger. Aí veio a enfermeira pra tirar o crucifixo”.
Ela tinha se sentido diretamente atingida por alguém que tinha chegado muito perto e ia roubar a única segurança que ela tinha. Ela deu uma dentada, talvez merecida. Então ela não estava louca, ela estava operando segundo um critério.
Então vocês vão ver, as pessoas fazem coisas tresloucadas, mas elas estão operando dentro de um critério. A característica essencial deste critério é assim: ela está jogando um jogo e está perdendo. Ela não pode perder, a perda é uma coisa completamente insuportável, é alguma coisa impossível de ser vivida. Aquilo é maior do que qualquer outra coisa. Então a pessoa mata, ela apronta, mas não que ela seja uma assassina que ela seja alguém muito mau. Não é isso. No meio das suas perturbações, a pessoa está jogando um jogo e é aquilo. Esse é o mecanismo geral.
Por isso, a gente não consegue ouvir, a nossa mente gira o tempo todo, não é nada mais do que isso. Todas as sequelas – do tipo, a pessoa treme, sacode, faz qualquer outra coisa assim -, vários sintomas, a pessoa parada, tensa. Ou, por exemplo, quando o rato desiste, ele entra em depressão, fica parado no mesmo lugar. Ou o rato fica psicótico. Ele fica assim e quando aparece alguém ele vai lá, dá uma mordida e volta, fica parado. E não há o que fazer. Todos eles estão completamente apavorados dentro das circunstâncias que estão vivendo. Isso é especialmente o reino dos infernos.
A pessoa entrou no reino dos infernos, ou no reino dos seres famintos. Eventualmente no reino dos animais, mas os animais é uma coisa menos grave, ninguém vai se sentir louco por estar ali. A pessoa vai se sentir sem energia, sem criatividade, sem interesse pela vida, sem rumo. Mas ela não está se sentindo louca, não está se sentindo em crise realmente, ela está passando por um período, algo que um psicólogo resolveria, ou um amigo.
Eu queria explicar pra vocês isso neste sentido geral, porque é isso que está acontecendo, nós estamos com algum tipo de manifestação deste quilate. Mas na visão budista a situação é um pouco mais grave. Nós temos a roda da vida, dentro dela nós temos loucuras em que está todo mundo sorrindo, tem as loucuras em que nós estamos caindo, estamos na parte de baixo, sofrendo, as loucuras onde nós estamos achando que estamos melhorando tudo.
Quando nós estamos no meio de uma guerra, as pessoas estão armadas e estão se matando. Mas aquilo, dentro daquele jogo, parece que é aceitável, é uma coisa normal. Não é uma coisa enlouquecida. Nós estamos entendendo o que está se dando ali dentro. No entanto, ainda que não pareça uma loucura, na visão budista isso é uma loucura. Por que? Porque nós estamos esquecendo os outros, estamos com a mente girando, fazendo coisas que mais adiante nós vamos achar horríveis, criando confusão pro futuro, inevitavelmente, e a gente segue com essas características que são de uma loucura.
Às vezes as pessoas estão num momento muito bom. Os momentos muito bons são muito perigosos porque eles são a parte da roda da vida em que nós aceitamos tudo como se fosse uma dádiva, como se fosse tudo favorável. E aquelas coisas favoráveis de hoje se transformam em problemas mais adiante. Todo mundo que compra um carro termina vendendo. As pessoas casam, depois elas descasam. Elas não se descasariam se não tivessem casado. Então quando a pessoa faz alguma coisa, ela já pensa: tem a região de descarte depois. Quando a gente se engaja em alguma coisa, inevitavelmente vai ter a outra parte mais adiante.
Mesmo no caminho espiritual nós temos isso. Aqui eu estou fazendo uma pequena introdução ao tema, não estou entrando no assunto, estou só descrevendo. Quando nós entramos no caminho espiritual dividindo bem e mal e nos filiando claramente ao bem, nós estamos dando nascimento ao mal e nós não vamos saber como lidar com esse mal, depois, especialmente quando nós tivermos sucesso em definir o que é o bem e nos filiarmos completamente. Nós não percebemos que, enquanto nós escolhemos o bem, nós damos nascimento ao mal. Nós damos nascimento mental, nós criamos os infernos, literalmente.
Na visão budista, fora da lucidez não há salvação. Esse é o ponto. E lucidez tem um sentido profundo: significa compreensão da vacuidade. Compreensão da vacuidade intelectual, emocional, compreensão das paisagens como vacuidade, compreensão das mandalas. É necessário isso. Fora disso, não há lucidez. E não havendo lucidez, mesmo que a gente esteja dentro de um caminho espiritual, a gente pode vir a enfrentar situações bem difíceis, é inevitável.
Durante um longo tempo, no caminho espiritual, eventualmente nós criamos também identidades. Na medida que nós criamos essas identidades, elas andam bem, mas inevitavelmente construímos os infernos também. Porque essas identidades são artificiais. Na medida que se estabilizam, mais adiante, ou naquele mesmo modelo de estabilização daquelas identidades, nós temos os infernos construídos, que são as regiões de dissolução da identidade artificial e construída. Nós vamos fugir da destruição disso, nós vamos defender isso como quem defende qualquer coisa no meio do samsara e é inevitável que mais adiante nós vamos ter perdas desses panoramas todos, dessas visões todas, aí nós temos crises correspondentes.
Podemos ter tremores, podemos ter várias coisas, a partir da dissolução da própria ilusão que nós vamos construindo por dentro do caminho espiritual. A coisa é complicada, quem quiser avançar um pouco nisso leia, por exemplo, Transcendendo a Loucura (Transcending Madness) e Além do Materialismo Espiritual, de Trungpa Rinpoche, que trabalha bem dentro disso. Estes são temas de grande importância quando se aplicam ao caminho espiritual.
Este texto que se chama Transcendendo a Loucura é muito duro. Quem gosta de ouvir coisa irada, por favor, não perca a oportunidade. Nós vamos sentir que a nossa prática é nada, porque a maior parte de nós está fazendo prática como alguém que está cursando a universidade, buscando algum título, algum reconhecimento, alguma capacitação. Na verdade, nós não deveríamos estar fazendo isso, porque assim nós estamos construindo identidades. Nós deveríamos avançar no caminho da lucidez e não no caminho da qualificação.
Nós não estamos construindo uma identidade espiritual que vai atingir a iluminação, o que seria o doutoramento. Nós não estamos fazendo isso. Quando atingirmos esse doutoramento nós vamos ver que a identidade mesmo vai ser ultrapassada. Vamos operar de um outro modo. É uma perda nós tomarmos esse tempo todo como um caminho de construção de alguma coisa. Mas é a linguagem que nós temos, no mundo onde nós estamos, estamos construindo coisas, então nós vamos usar no budismo durante um tempo essa linguagem: “É melhor você fazer isso, você vai ser mais feliz, tenta construir uma coisa melhor, desse modo e não daquele”. Isso é o que é chamado ensinamento provisório.
O budismo está cheio de ensinamentos provisórios. Depois ele vai colocar uma vírgula e vai em direção a outras coisas. Estou aqui só tentando estabelecer uma conexão com o tema para que a gente possa agora olhar de uma forma um pouquinho mais teórica isso tudo. Como o tempo é limitado, não posso me alongar demais.
O ponto central que eu queria explicar pra vocês é assim. A gente toma o centro da roda da vida como ponto crucial de reflexão. A gente toma a roda da vida como um todo como um panorama mais amplo que vai se desenhar a partir desse ponto central.
O ponto central da roda da vida são os três animais: o javali, o galo e a cobra. Quando olhados desse modo, numa forma muito simples, são três qualidades ou três venenos da mente. O javali corresponde à ignorância, o galo corresponde à avareza e a cobra corresponde à raiva.
Na visão budista, todos nós temos esse desequilíbrio original. Todo mundo nasce com javali, galo e cobra. Dito assim, eu precisaria recuar um pouquinho. Porque eu digo: nós nascemos deste modo. Mas nós nascemos deste modo dentro da roda da vida. Eu precisaria explicar que a roda da vida é um software, não é hardware. É uma forma de ver a vida. A nossa natureza não está presa à roda da vida e nem condicionada a ter que operar desse modo. Mas se nós vamos entrar na roda da vida, nós entramos através dos três animais.
O texto acima foi publicado originalmente em agosto de 2012, no site antigo da Bodisatva, por Miguel Berredo. Atualizado por Janaína Araújo em novembro de 2017.
Apoiadores
38 Comentários
Trabalho herculeo, mas o UNICO que vale a pena na atualidade… Namaste
Pq então essas doenças são tratadas c/ remedios pesados, e tem resultados?!
“A maior parte dessas loucuras são assintomáticas, ou seja, socialmente elas são consideradas corretas.”
Esse é exatamente o efeito do remédio, silenciar e tornar socialmente aceito.
Penso nisso. Ser aceito como louco é mais fácil para quem? Indústria farmacêutica e hospitais psiquiátricos?
Minha mãe depois de 3 derrames toma vários remédios e sem eles ela surta. Foi tudo rápido q penso nesse “esquema” .
Espero pela segunda parte do texto. E por mais sugestões de como “fazer emergir a mente” do que críticas.
Léo
Aguardo a segunda parte. Eu poderia me perder por horas e horas lendo as palavras do Lama Padma Samten, seja nesse tema (que me perturba bastante), seja dos outros.
Sonho com o dia em que os profissionais da área da saúde mental vejam os seres humanos como esses olhos.
[…] Leia a primeira parte da palestra. […]
Por favor, poderiam nos indicar os links para os textos de Rinpoche sugeridos pelo Lama?(Transcending Madness e Além do Materialismo Espiritual).Gratidão.
https://www.lucidaletra.com.br/products/alem-do-materialismo-espiritual
E pensamos que são coisas comuns quero aprender mais grato!
Maravilha!
É preciso enterder e viver isso tudo.
É possível indicar os links p/ os textos sugeridos?
Longa vida Lama Samten! Obrigada. BEL
O entendimento desse texto é entender o que significa a Roda da Vida em nossa vida. EStudo longo mas belo. Obrigada pelo texto. Vou ler a segunda parte agora… 🙂
[…] da transcrição da palestra do Lama Padma Samten sobre as doenças mentais na perspectiva budista. Leia a primeira parte. Leia a segunda […]
Texto interessantíssimo.
Continuem com o trabalho extremamente esclarecedor e alternativos às vias normais de abordagem ao tema.
A transcrição desta palestra, seguramente, beneficia vários seres, inclusive a mim. Obga pela paciencia e amor por todos os seres ao fazer este trabalho maravilhoso para nós. Parabéns. Vou ler a segunda parte agora.
Léia
A gente se livra fácil fácil de todos os psiquiatras e afins quando entendemos que não precisamos deles para nada, só para obter remédios. Se assumirmos a responsabilidade de nossos atos, decisões e comportamentos e não aceitando conselhos de ninguém, já estamos quase curados. A cura existe quando nós aceitamos os resultados de nossas decisões porque foram nossas e isto nos orgulha. Não precisamos culpar ninguém. Estamos provando nossos frutos sejam amargos ou não. Não é esta a razão, o âmago da vida e do que Deus quer para gente?
Olá! Onde eu posso encontrar esta palestra do Lama em áudio ou vídeo?
Obrigada!
[…] Leia os ensinamentos do Lama Padma Samten sobre “As Doenças Mentais na Perspectiva Budista“. […]
Gratidão.
Para mim, o melhor texto do Lama. Tocou-me profundamente!
Agradeço a todos os seres que permitiram de alguma forma a exposição desse ensinamento! Graças!
Texto precioso!
Vi alguém aqui citando remédios e tal. Isso suscitou vários pensamentos em mim, um deles, sobre se a simples tomada de rédeas da nossa vida e de nossas decisões é um remédio possível.
Em algumas condições a pessoa está tão debilitada psicologicamente, emocionalmente, que não consegue tomar essa postura. Nesse sentido é que os remédios ajudam. Uma pessoa com uma depressão maior, muito debilitante, pode se beneficiar dos remédios para que suas emoções sejam um pouco acalmadas e a pessoa aí sim possa tentar ter uma tomada de decisão mais própria, menos guiada pelos impulsos emocionais.
Ontem, li esse texto do início ao fim. Li e reli. Adorei! Ótimo! Indiquei a amigos para que fizessem uma apreciação. Parabéns ao blog por esta maravilha, como todas as outras. Abraços!
ah! interessante tua observação..sim, vemos isso, que o engano, a dificuldade foi tão longa que comprometeu os orgãos…e, as diversas abordagens (terapias) alcançaraõ igualmente diversos níveis….grata.
Ola!
E quando um dos sintomas é escutar vozes falando o tempo todo?
o que seria isso?
Penso que o transtorno mental tem várias interconexões, emocional, afetiva e de ações e reações do meio que afetam a mente fragilizada, espero que o Budismo possa colaborar para aquietar a mente e claro viver em equilíbrio.
Penso que as doenças da mente podem causar sintomas fisiológicos, como desequilíbrios hormonais. No caso da depressão, por exemplo, há uma baixa de serotonina. É aí que a medicação entra e pode até ajudar num primeiro momento. Mas sozinha não resolve. Mudar o olhar e recuperar a lucidez é o verdadeiro tratamento e pra isso existe terapia e outras ferramentas.
Há que se ter muito cuidado com ideias limitantes ou maniqueístas quando se trata de doenças mentais. Assim como em qualquer doença, é importante tratar o ser e não os sintomas. E cada ser é diferente do outro. Por isso existem pessoas capacitadas que estudam muito para tratar dos seres, como médicos, terapeutas e até mesmo os professores espirituais. O Buda Skyamuni era muitas vezes comparado a um médico muito habilidoso que prescrevia a combinação perfeita de ensinamentos para cada ser em cada situação.
Encontrar um profissional de saúde que tenha um olhar mais amplo e um coração compassivo é difícil, mas pode fazer toda diferença no tratamento. Alguém que não faça o jogo do “isso é bom, aquilo ê ruim” em termos de tratamento.
Falo de cadeira, pois já tive uma pá de coisas, depressão, crise de pânico e ansiedade, agorafobia, cheguei a ser diagnosticada com transtorno bipolar. Mas acho que tive muita sorte (ou méritos), pois quando comecei a “pirar” me caiu nas mãos o livro Meditando a Vida do Lama Samten. E depois conheci o Dr. Alcio Braz, médico psiquiatra e monge zen budista, que cuidou de mim como um verdadeiro Bodhisattva que é. Fico até emocionada de tanta gratidão quando penso nisso tudo! Se não fosse a “loucura” talvez eu nunca tivesse encontrado o Dharma e seres tão maravilhosos como esses dois preciosos professores.
Não há cura para a loucura. Enquanto houver o Samsara a loucura estará operando. Mas há o caminho que leva à liberação de todo sofrimento. E o primeiro passo é entender que o mundo das aparências é onírico. Podemos estar num lindo sonho, com uma vida perfeita ou num pesadelo medonho cheio de situações ameaçadoras. Não importa, é sonho, não tem substância, é impermanente.
O samsara é a doença da mente, mas é também onde a liberação acontece e os doentes podem se tornar médicos. O princípio ativo de qualquer remédio pra essa doença é a vacuidade. No início é amargo, às vezes até dói… mas no final deixa um gosto muito especial de liberdade capaz de transformar flechas em flores…
A vacuidade nos ensina a olhar pra tudo de forma lúcida e lúdica. Como uma criança que sabe que está brincando de ser pirata ou princesa mas entra totalmente na brincadeira e se diverte.
🙏🏽🌸📿
Ótima reflexão, Valéria!
ah! mais uma preciosidade..grata pela partilha….amplia, elucida mais ainda! Paz!
Maravilhoso este ensinamento do Lama. Pensamos nos seres que são rotulados com os diagnósticos do DSM e percebemos com estes ensinamentos, que o DSM tem valor, mas limitado, pq aprisiona a pessoa em seu diagnóstico enquanto que a visão lúcida transcende o DSM que também está fadado a atuar nos limites da roda da vida. É um convite e tanto a buscarmos a lucidez, o reconhecimento da vacuidade! Pensamos nos amigos e familiares que sofrem com os as doenças e as piramos que nós, eles e todos os seres possamos ter a visão lúcida. Gratidão!
[…] da transcrição da palestra do Lama Padma Samten sobre as doenças mentais. Aqui estão a parte I, parte II e parte III da […]
[…] da transcrição da palestra do Lama Padma Samten sobre as doenças mentais. Aqui estão a parte I, parte I, parte III e parte IV da […]
Ola. Obrigado…Eu amo seu post obrigado.
Com agradecimentos ao Lama Padma Samten e à Revista Bodisatva, publicamos alguns trechos desse belíssimo discurso em um post no Dharmalog:
Lama Padma Samten: “Quando as pessoas desrespeitam as outras, passam por cima, é sinal de loucura”
http://dharmalog.com/2018/04/18/lama-padma-samten-desrespeito-loucura-revista-bodisatva/
Muito obrigado,
Nando
Obrigado…Bom artigo.
A doença mental na perspectiva budista?
Acho esse texto do Lama muito precioso por que ele pode ser um farol em momentos em que estamos passando por algum tipo de crise… Lamento que ainda hoje os profissionais da saúde tenhamos uma formação acadêmica direcionada a solidificar o sujeito no seu sofrimento, ainda que de forma provisória, como é o caso dos diagnósticos psiquiátricos que balizam a prática de tanto psicólogos como psiquiatras. Muitas vezes, pessoas são mal-diagnosticadas, ou o profissional banaliza o uso dos transtornos e vê doença em múltiplas facetas da vida, esquecendo-se da natural oscilação de nossos afetos e emoções. E no meio disso, o perigo de a pessoa se fixar naquele nascimento, se vendo como alguém com problemas.
Vejo que é como se o que o psicólogo fosse treinado a escutar primeiramente o sintoma, a dor, dando a partir disso um tratamento focado na psicopatologia e na erradicação do sofrimento do cliente, mas deixando em segundo plano suas qualidades e potencialidades.
Embora a psicologia no Brasil tenha uma vertente bastante contestadora da medicalização e patologização do sofrimento (que seria como o profissional entender todo tipo de incômodo e dor psi em uma doença que pode ser tratada com remédios), ainda vemos uma prática na academia que segue com o modelo de terapeuta distanciado e “neutro”, que se oculta detrás de uma teoria e por vezes não é ensinado a ser mais informal ou compassivo com o paciente.
Todos hoje estamos lidando com algum tipo de desordem em virtude do isolamento que a nossa sociedade propõe como modelo, com o foco nas identidades e na pessoalização das vitórias e fracassos. É como o Lama tem falado que o Samsara anda em tempos turbulentos, com as pessoas se olhando cada vez menos e tendo interações de forma utilitária. Felizmente, temos a capacidade enquanto praticantes de fazer a diferença através da nossa prática, de olharmo-nos com compaixão e dando nascimentos mais lúcidos pelo mundo, respondendo às negatividades com lucidez, rompendo com a visão estreita e estimulando nossas qualidades e aspectos positivos naturais. Isso por si só promove a cura! Abçs
ah! mais uma preciosidade..grata pela partilha….amplia, elucida mais ainda! Paz! Um bom dia Gabriel!